Vida

Óscar português espera que o prémio ajude a relançar pintura mural

Gonçalo Jordão TSF/Liliana Costa

Depois da noite memorável dos Óscares, Gonçalo Jordão tem passado os dias no Alto Minho a recuperar pinturas murais na casa onde foram gravadas algumas cenas do filme que conta a vida do cônsul português em Bordéus Aristides de Sousa Mendes. A TSF foi até lá.

Nas paredes brancas do edifício Villa Rosa, em Viana do Castelo, Gonçalo Jordão faz renascer as pinturas murais que já mal se distinguem entre as antigas e as recentes.

«A pintura nas paredes novas foi envelhecida para ficarem idêntica à original, um fingido de mármore muito característico da época do edifício», explica Gonçalo Jordão, que nos últimos dias se divide entre pinceladas, entrevistas e telefonemas. «Tenho recebido muitas felicitações, sobretudo por parte de colegas de profissão. Estou muito satisfeito», confessa.

A moradia é do primeiro terço do século XX, por onde passou a rodagem do filme sobre Aristides de Sousa Mendes, e está agora ser recuperada pela Câmara de Viana do Castelo para acolher serviços de apoio à comunidade.

O pintor e muralista português espera que o Óscar recebido esta semana pela participação no cenário do filme "Grand Budapeste Hotel" ajude a relançar a pintura mural na decoração de interiores que tem vindo a desaparecer.

«Espero que as pessoas acordem para esta arte que tem vindo a desaparecer um pouco e comecem a perceber que em vez de porem azulejos ou papel de parede podem optar por uma pintura original do seu gosto para mudar a disposição de um espaço», salienta Gonçalo Jordão.

A verdade é que não há muitos especialistas em pintura decorativa em Portugal. «A minha escola, a Fundação Ricardo Espírito Santo, formou durante alguns anos algumas pessoas em artes decorativas e somos os únicos que saímos para o mercado de trabalho com esse tipo de formação», revela.

O custo de uma obra de pintura decorativa é variável e «tão subjetivo mas não é mais caro do que colocar um pavimento de madeira e tem de ser visto dessa forma», realça Gonçalo Jordão.

O português premiado tenciona manter a base da empresa em Mourão, no Alentejo, e espera que esta distinção mais recente traga novos projetos, tanto no cinema como na decoração de interiores.

«Espero continuar a fazer aquilo que tenho feito, nomeadamente recuperação de edifícios antigos ou projetos para hotéis, além de outras propostas mais pontuais ligadas ao cinema», referiu.