O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) lamentou hoje que os polícias tenham de morrer para serem heróis e criticou o que considerou falta de reconhecimento e de diferenciação da profissão pelo poder político e pela Direção Nacional da PSP.
«É triste ter de dizer que para se ser herói na polícia tem de se morrer. E estes meus colegas foram heróis e deram a sua vida pela causa que amavam, que era ser polícias. Mas, (...) o que revolta é depois o sentimento de não reconhecimento da profissão», disse o presidente do Sinapol à agência Lusa, após a morte de dois agentes, hoje colhidos por um comboio, em Loures, durante uma perseguição policial.
Segundo Armando Ferreira, a profissão de polícia só é considerada «especial» no papel.
«Porque, depois, na realidade, no dia-a-dia, somos uma profissão como as outras e somos maltratados pelo poder político, pelo Ministério [da Administração Interna], muitas das vezes pela direção da polícia, porque olha-se primeiro para os números financeiros e só depois é que se olha para o fator vida. E isso é muito triste», acrescentou.
O dirigente sindical frisou que a «trágica» morte dos polícias, de 24 e 27 anos, que estavam «no auge da sua profissão», prova, «mais uma vez», a diferença entre ser polícia e «dar a própria vida para defender a segurança do país» e exercer outra profissão.
«É essa diferença que não é depois reconhecida por ninguém no país. Só nestes momentos de tragédia é que nós vemos que existe algum sentimento de solidariedade para com a polícia, para com os polícias que falecerem, para com as famílias, mas isto, infelizmente, é algo que depois só dura dois a três dias», lamentou o presidente do Sinapol.
Os dois polícias, que estavam colocados na esquadra de São João da Talha, no concelho de Loures, foram colhidos esta manhã por um comboio entre a Bobadela e Sacavém, durante uma perseguição policial a dois homens suspeitos de terem assaltado uma residência.
Segundo um comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, os detidos têm 17 e 20 anos e estavam já referenciados por roubo e furto.
Os suspeitos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial na quinta-feira, às 10:00, no Tribunal da Comarca de Lisboa Norte, em Loures.