Saúde

Por falta de camas, todas as semanas há cirurgias adiadas no IPO do Porto

Global Imagens/ Arquivo

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia e diretor do serviço de cirurgia faz a denúncia. Hospitais que tratam cancro estão a funcionar «no limite». Há cada vez mais doentes, mas recursos são os mesmos há anos. IPO do Porto responde que não «acompanha a perspetiva pessimista das declarações».

Todas as semanas de 2014 tiveram cirurgias adiadas no IPO do Porto por falta de camas. A denúncia é do presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e diretor do serviço de oncologia cirúrgica deste IPO que fala numa progressiva falta de capacidade do Serviço Nacional de Saúde para operar doentes com cancro.

A denúncia surge numa altura em que passa meio ano que o governo aprovou medidas para travar o aumento das listas de espera para cirurgia oncológica. Joaquim Abreu de Sousa, o presidente da SPO, diz à TSF que, na prática, pouco ou nada mudou. Estamos perante aquilo que qualifica como «pensos rápidos».

O representante dos médicos da especialidade diz que os hospitais estão no limite e dá o exemplo do IPO do Porto. Joaquim Abreu de Sousa explica que «um hospital que não tem camas para internar e operar os doentes obviamente que não pode responder a qualquer portaria ou coisa nenhuma...». Uma falta de camas que levou a que no IPO do Porto não existisse uma única semana sem cirurgias adiadas. Falhas recorrentes denunciadas, sem resposta eficaz, ao Ministério da Saúde e à Administração Regional de Saúde do Norte.

O presidente da SPO explica que o cancro é uma doença que afeta cada vez mais portugueses. Contudo, os recursos são os mesmos que existiam há uma década, pelo que as medidas anunciadas há 6 meses não serviram para quase nada. Joaquim Abreu de Sousa afirma que «são precisas medidas profundas, mais recursos humanos e estruturas físicas... algo que não está a ser feito».

Os hospitais e os três institutos de oncologia do país não conseguem fazer mais para responder ao aumento de doentes. O representante da classe diz que «não é possível continuar a ser eficiente e há hospitais que estão no limite da sua taxa de ocupação e de ocupação dos blocos operatórias», sendo precisa «uma dotação adequada de recursos».

O presidente da SPO volta a dar o exemplo do IPO do Porto que em 2008 recebia 6 mil novos doentes com cancro por ano. Um número que em 2013 subiu para 10 mil apesar de a estrutura ser exatamente a mesma.

Numa resposta enviada à TSF, o Conselho de Administração do IPO do Porto «elucida que em 2014 devido a greves dos médicos, dos enfermeiros e dos trabalhadores da função pública foram reagendadas 231 cirurgias e por excesso de ocupação de camas foram reagendadas 44 cirurgias correspondentes a uma dezena de dias de ocupação crítica».

O IPO-Porto promete, ainda, que «continuará a trabalhar para corresponder às necessidades dos doentes que a este hospital recorrem mantendo os menores tempos de espera da Região», não se revendo na «perspetiva pessimista das declarações proferidas» por Joaquim Abreu de Sousa.

O PS, pela voz da deputada Luísa Salgueiro, já anunciou que o partido quer ouvir no parlamento o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.