Na abertura do debate quinzenal, Passos garantiu que aceita o «escrutínio» do seu mandato, avisou que recusa qualquer «manipulação política» e considerou que «a autoridade do primeiro-ministro» não foi «nem um bocadinho beliscada». Ferro Rodrigues considerou que Passos já devia «ter pedido desculpa aos portugueses».
Assegurando que tem a sua «situação fiscal e contributiva regularizada», Passos Coelho não contornou o tema na abertura do debate quinzenal.
Deixando a garantia de que aceita o «escrutínio» do seu mandato «com com muita transparência e muita humildade », o chefe de Governo aproveitou para lançar o aviso: «Não aceitarei que a coberto desse escrutínio se queira fazer uma manipulação política relativamente à minha situação fiscal que não corresponde à verdade».
Passos Coelho voltou a lamentar «profundamente não ter tido consciência das obrigações» a que estava sujeito ao nível do pagamento das contribuições para a Segurança Social. Tendo agora toda a situação regularizada, Passos entende que não lhe podem ser exigidas todas as explicações: «Não devo dar explicações que me não caibam a mim diretamente e espero que não me exijam respostas que não estão no cidadão Pedro Passos Coelho ou no primeiro-ministro Pedro Passos Coelho poder dar».
Na resposta, o líder parlamentar do PS, sublinhando que «esta é uma questão política e não um caso», atirou: «Fez mal em não ter aproveitado este momento para pedir desculpa a Portugal e aos portugueses».
«Se tiver analisado a minha carreira e o meu passado no Partido Socialista», continuou Ferro Rodrigues, «sabe que eu fui sempre contra a exploração de casos pessoais». O antigo líder socialista fazia assim uma alusão ao caso Casa Pia, no qual se viu referenciado, em 2003, tendo considerado, na altura, tratar-se de uma «cabala» contra o PS.
Ferro Rodrigues trouxe ainda ao debate as declarações do ministro Pedro Mota Soares («veio dizer que a culpa é dos serviços da Segurança Social») e de Cavaco Silva («vem dizer que um Presidente da República de bom senso deixa aos partidos as polémicas político-partidárias»): «Com amigos destes não é preciso ter adversários».
Jerónimo de Sousa, em nome do PCP, considerou que eticamente Passos não podia ter invocado desconhecimento ou falta de dinheiro para pagar: «Quer que seja válida para si uma justificação que recusa que seja válida para outros cidadãos».
Ora, em resposta, o primeiro-ministro invocou que «não há dois pesos e duas medidas»: «Não decidi nada em favor da minha situação pessoal», justificou.
Já Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, citou uma declaração de Passos no Congresso do PSD: «Eu pertenço a uma raça de homens que pertence a quem gosta de pagar».
«Revejo-me nas citações que leu. Gosto de pagar o que devo», respondeu Passos, mostrando a intenção de entregar ao BE uma declaração de não-dívida do fisco e da segurança social.
Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes considerou que o PM «não tem mais condições para o exercício do cargo».
Passos reagiu dizendo que «a autoridade do primeiro-ministro não é nem um bocadinho beliscada nesta matéria», tendo sido ajudado pelo CDS e pelo PSD, que saíram em sua defesa.
Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, considerou que «fica claro que não houve tratamento diferenciado» e que as «falhas assumidas e esclarecidas com humildade».
Já Luís Montenegro sublinhou que Passos «prestou os esclarecimentos que lhe eram devidos» e que «o Parlamento cumpriu a função de escrutínio»: «Para nós o caso está encerrado».