As repúblicas de estudantes em Coimbra viram as rendas simbólicas que pagavam serem aumentadas para preços que os estudantes dizem ser «extrapolados». Agora fazem de tudo para salvar um património que consideram ser "seu".
Os estudantes admitem que o problema não está nos senhorios das casas. Por isso fazem tudo o que podem para poderem continuar a usufruir destas casas típicas em Coimbra. Entre as iniciativas previstas estão concertos solidários, de forma a poderem pagar as rendas e fazer algumas obras de manutenção.
Os estudantes foram convidados a desenvolver um projeto para implementarem ao longo do ano e a República vencedora irá levar para casa os fundos recolhidos no concerto solidário.
A TSF foi conhecer a realidade da República "Boa Bay Ela". Paulo Pereira, Luís Ferreira e Albano Feliciano foram os estudantes que nos receberam e que garantem que, antes da lei do arrendamento, as repúblicas já tinham dificuldades. Alguns imóveis são seculares e precisam de obras de manutenção, que vão sendo pagas pela carteira dos estudantes.
Mas, a lei do arrendamento veio agravar a situação. Rendas que, em média, não chegavam a cem euros mensais, foram extrapoladas e as contas complicaram-se. «Com muito esforço e suor, as repúblicas têm-se mantido de portas abertas. Deixa-me triste, mas também orgulhoso por saber que, em tempos mais críticos, os repúblicos não vão abaixo», adianta o Repúblico da "Boa Bay Ela", Luís Ferreira.
Os Repúblicos da "Boa Bay Ela", na voz de Albano Feliciano, acrescentam que, a médio prazo, se não houver uma mudança legislativa que trave o aumento sucessivo do valor das rendas, mais algumas típicas casas de estudantes de Coimbra vão desaparecer. «Estamos em risco de ter de sair das casas, por isso uma das situações que se podia fazer, a nível legal, era um congelamento da renda». Uma estratégia, afirma, que iria permitir que «daqui a cinco anos, pagando uma renda alta ou baixa, a casa continuasse a existir».
Os Repúblicos consideram que não existe má vontade dos senhorios, mas sim uma falta de sensibilidade, que é extensível à sociedade. Por isso querem, com o projeto "Tempo de Encontros", que vão apresentar no concerto solidário organizado pela Universidade de Coimbra, no Teatro Académico Gil Vicente, dar uma nova imagem das repúblicas.
Um projeto de 60 atividades (Exposições, concertos e até uma meia maratona) até janeiro de 2016, altura em que a "Boa Bay Ela" celebra 60 anos. Os repúblicos garantem que, com ou sem prémio, as atividades irão ser desenvolvidas.
A concurso vão estar mais três repúblicas (República Baco, Real República Rás-Teparta e República dos Fantasmas). Para a votação foi criada uma plataforma eletrónica.
O concerto conta com a participação dos Anaquim, Birds Are Indie e Os Quatro e Meia, e insere-se nas comemorações dos 725 anos da Universidade de Coimbra.