Economia

Inquérito BES: As citações de Salgado, os reparos ao ex-banqueiro e o excesso de inglês

Ricardo Salgado começou por citar Fernando Pessoa, depois também lembrou palavras do Padre António Vieira. Na audição que decorre no parlamento, o ex-presidente do BES também já ouviu críticas dos deputados e avisos do presidente da comissão de inquérito.

O antigo líder do BES Ricardo Salgado trouxe hoje Fernando Pessoa para a comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco, recorrendo ao autor para dizer que vai continuar a defender a sua razão.

«Pedir desculpa é pior do que não ter razão. Eu estou aqui para defender a minha razão», disse Salgado, recorrendo a palavras do escritor português.

Na sua intervenção inicial nesta que é a sua segunda presença na comissão de inquérito, o ex-banqueiro citou também o padre António Vieira.

«Em nenhuma parte como em Portugal se gasta tanto papel, ou se gasta tanto em papéis» foi a citação utilizada por Salgado.

O recurso aos dois autores aconteceu quando o ex-banqueiro respondia às perguntas feitas por Carlos Abreu Amorim, deputado do PSD, que no final, e face às repostas dadas por Salgado, ironizou: «A mim ensinaram-me que quem não tem vergonha, todo o mundo é seu. E o doutor Ricardo Salgado ainda é o dono disto tudo».

Mais adiante, Salgado ouviria um reparo do presidente da comissão parlamentar de inquérito. Fernando Negrão instou-o a «responder mais diretamente e sem tantos enquadramentos porque corta o raciocínio das perguntas dos deputados».

Um aviso que, entretanto, foi reiterado.

Numa audição mais uma vez marcada pelo jargão financeiro, muito dele em inglês, a certa altura o presidente da comissão pediu comedimento no uso dessas expressões, por exemplo "findings".

«Estou a receber mensagem de cidadãos que estão a queixar-se e a perguntar porque é que usamos tantas expressões em inglês. Porque é que dizemos "findings" nos relatórios. Podemos substituir, por exemplo a palavra por "informaçoes sujeitas a contraditório"? É que as pessoas, e há muitas que nos estão a ver, querem perceber o que estamos aqui a dizer», justificou Negrão.