A nomeação de Penelope Curtis para a direção do Museu Calouste Gulbenkian é encarada com expectativa e esperanças de um novo ciclo na vida do Museu. No entanto, o seu mandato à frente do Tate Britain foi tudo menos consensual.
«Curtis tem de sair, tem mesmo de o fazer», escrevia no final de 2013 Waldemar Januszczak, um dos críticos de arte mais influentes de Inglaterra. A sentença assim lavrada, apontando à diretora do Museu Tate Britain a porta de saída, aconteceu depois de o museu ter perdido num ano dez por cento de visitantes, caindo de 13º para 18º na na lista de locais mais visitados no Reino Unido atrás, por exemplo, do Jardim Zoológico de Chester.
Outras vozes do mundo da critica e de setores mais conservadores do mundo da arte juntaram-se a Januszczak, acusando o museu de ter feito uma série de exposições marcadas pela pobreza intelectual.
Uma mostra recente, dedicada à escultura do período vitoriano, foi considerada pelo crítico do The Guardian um falhanço épico. O editor de arte do Daily Telegraph disse que a exposição era letalmente enfadonha do principio ao fim.
Numa leitura mais abrangente do que foi o cunho imposto ao museu desde 2010, há quem resuma assim a crítica: Penelope dirigiu um museu preocupada em agradar a outros curadores, aos seus pares, esquecendo os artistas e, sobretudo, público que devia ser a primeira prioridade.
Mas há o outro lado, o dos que a defendem. Antes de mais, por ter levado por diante a remodelação do museu, devolvendo ao Tate muita da sua antiga grandeza perdida.
Outros aplaudem a disposição do acervo, em que peças de diferentes épocas e estilos se misturam, causando surpresa e uma desorientação que acaba por despertar o visitante.
E há ainda, do lado da defesa, os que acham que o que realmente desagrada a muita gente é a modéstia e a absoluta frontalidade de Penelope Curtis. Dizem que num meio de muita vaidade e dissimulação, um perfil assim provoca azias.
Ouvida pela TSF, Suzanne Cotter, diretora do Museu Serralves, diz que enquanto diretora, Penelope Curtis «tem, sem duvida, mostrado que tem visão». «É uma pessoa que pensa pela própria cabeça, e acho que vai trazer soluções inovadoras e excitantes para o museu da Gulbenkian», diz a curadora britânica.
Cotter considera «injustas» as criticas proferidas em relação a Curtis e lembra que «ela tentou chegar a um resultado, e conseguiu alcançá-lo, que era transformar o Tate em algo desafiador e dinâmico»: «Acho interessante ter havido esse debate nos media sobre o diretor de um museu, mas não me parece, de todo, que ela tenha falhado. Ao contrario, penso que ela conseguiu fazer muito».