O economista entende que deve ser criada uma "taskforce" externa aos hospitais, que esteja pronta para intervir nas unidades que não consigam manter as contas em ordem. Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, Pita Barros entende ainda que, eventualmente, os salários vão ter de subir na Saúde, pressionando os orçamentos de Estado.
Para tornar o Sistema Nacional de Saúde (SNS) mais sustentável e incentivar melhores práticas de gestão no sistema, Pedro Pita Barros entende que seria necessário «um mecanismo que desse um alerta rápido e uma intervenção de emergência, se fosse caso disso, dentro de cada unidade».
O especialista em economia da saúde propõe «uma espécie de "taskforce" de cinco a dez pessoas, especializadas em gestão, que num hospital que tivesse uma dívida muito elevada - e não a conseguisse ir controlando - interviesse lá diretamente. De certa forma, obrigar os hospitais a ganhar a sua autonomia através da boa gestão», defende.
O vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa propõe ainda que o modo como os serviços de saúde vão ter de funcionar no futuro vão implicar muito mais flexibilidade nas funções de cada profissão. Por exemplo, «um enfermeiro poder eventualmente prescrever alguns medicamentos básicos ou exames básicos, experiência que é feita noutros países sem drama de maior».
Próximos anos vão trazer pressão salarial
Pedro Pita Barros avisa que a componente financeira «vai ser um fio da navalha daqui para a frente», mas que há também uma questão de recursos humanos que vai pesar nas contas do Estado.
Depois da redução dos salários com a chegada da troika, «mais cedo ou mais tarde, isso vai ter de voltar a uma linha de evolução que tenha algum crescimento salarial e algum prémio aos bons desempenhos das pessoas.
E quando isso acontecer vamos ter uma pressão grande sobre os orçamentos», diz o economista, alertando que «se não aceitarmos essa pressão sobre os orçamentos, vamos ter uma desmoralização das pessoas».