Saúde

Refeições escolares: Excesso de sal e alimentos pouco energéticos

Global Imagens/ Arquivo

O Instituto Nacional de Saúde analisou refeições de 36 escolas do 1º ciclo na Grande Lisboa. Maioria tinha problemas nutricionais. Resultados levam responsável da Direção-Geral de Saúde a pedir mais fiscalização às empresas contratadas pelas autarquias.

Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) encontrou demasiado sal e alimentos pouco energéticos na maioria das refeições escolares servidas a crianças com idades entre os 6 e os 10 anos.

O director do programa nacional, da Direcção-Geral da Saúde, para promover a alimentação saudável, admite que os resultados são um «sinal amarelo» ao que se serve nas escolas. Pedro Graça pede, contudo, estudos mais aprofundados até porque só foram avaliadas 36 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico da Área Metropolitana de Lisboa durante o ano letivo 2012-2013.

Os resultados da análise revelam que 69% das refeições tinham um valor energético inferior ao que está definido pela Organização Mundial de Saúde. Ou seja, na prática, explica Pedro Graça, situações em que as crianças não ingeriam as calorias que deviam. Por outro lado, uma grande parte das refeições tinha teores de gordura e hidratos de carbono abaixo dos valores de referência, bem como demasiadas proteínas. E 90% das refeições tinha mais de 50% da dose de sal recomendada para um dia inteiro.

Os autores que assinam o estudo concluem dizendo que, perante estes resultados, as autarquias, serviços de saúde e empresas devem fiscalizar, de forma contínua, os valores nutricionais daquilo que é servido nos refeitórios das escolas.

Em reação a este estudo, o director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável recorda que aquilo que se serve na escola deve servir de exemplo para as crianças e para as famílias. Pedro Graça não fala em dados preocupantes nesta avaliação, mas encontra sinais de que «pode estar a existir uma diminuição da oferta alimentar que devia ser oferecida às crianças, a par de um excesso de oferta daquilo que é potencialmente perigoso, o sal».

Conclusões que levam o responsável da DGS a defender que as câmaras municipais têm de fiscalizar se as empresas (a quem pagam as refeições) cumprem aquilo que está definido nos contratos. Pedro Graça não sabe se esta avaliação é feita em todas as autarquias, mas sublinha que há uma «pressão muito grande para a baixa de custos» e que são «muito poucas as câmaras com nutricionistas a trabalhar nestes locais».