Às duas oficinas visitadas pela TSF nunca chegou um automóvel a necessitar de reparação motivada pelo uso de combustíveis simples. Os mecânicos contactados admitem, no entanto, que os combustíveis sem aditivos podem criar mais impurezas.
Ricardo Governo é responsável por uma das oficinas da Euromaster situada em Lisboa. Olha com alguma desconfiança para os combustíveis que a partir de hoje têm de, obrigatoriamente, ser disponibilizados em todos os postos de abastecimento.
«Os combustíveis têm aditivos e se lhos tiraram, algumas consequências isso irá ter no próprio desgaste dos motores e dos injectores.Não está comprovado mas se existem aditivos, é por alguma razão».
Questionado sobre se a esta oficina já chegou algum carro com problemas decorrentes do uso destes combustíveis, Ricardo é perentório. «Que nós conseguíssemos provar que foi por causa de um ou de outro combustível, não. Nunca apareceu».
Nem na oficina gerida por Ricardo, nem na Unicautex também situada em Lisboa.
«Não temos notado, com o feedback de clientes, em termos de reparações, que haja uma grande diferença na "performance", como nos problemas que surgem relacionados com os carros. Tem mais a ver com a utilização dos mesmos do que propriamente com os combustíveis», diz André Jesus é o responsável por esta oficina.
Ele admite que o único problema que, eventualmente, pode decorrer do uso destes combustíveis é uma maior acumulação de impurezas: «Pode começar a criar mais sedimentos a nível de interiores e pode provocar, por exemplo, a limpeza das válvulas de circulação de gases de escape, anteriormente ao previsto».
O pior mesmo, considera André Jesus, é a anunciada retirada do mercado de alguns combustíveis de gama alta. Um problema, por exemplo, para Eduardo, funcionário da oficina: «O meu carro só anda a gasolina 98, mesmo por recomendação da marca, e agora vejo-me numa situação um bocado constrangedora porque não tenho solução. Vou ter de usar aditivos».
Uma solução que, diz Eduardo, vai sair mais cara: «Sai por que os aditivos, 1 litro é muito mais caro do que 1 litro de 98, não é?».
Se tem dúvidas sobre a utilização no seu carro destes combustíveis, fica o conselho de André Jesus.
«Experimentar o carro em todas as situações, se não notar nenhuma diferença, tudo bem. Continue a usar. Se notar que o carro não se está a adaptar, por assim dizer, ao combustível, pensar bem se a poupança não pode trazer danos a longo prazo. Mas, à partida, nos carros a diesel não haverá problema».