Portugal

25 de Abril: Costa rejeita apelo de PR ao consenso, Soares e Alegre nem ouviram

Mário Soares, Ferro Rodrigues, António Costa e Almeida Santos Lusa/Steven Governo

Perante os apelos de Cavaco Silva ao consenso, o secretário-geral do PS afirma que o partido não quer consenso mas sim ser a alternativa. Históricos socialistas dizem que não ouviram discurso de Cavaco Silva no parlamento.

António Costa diz que a mobilização dos portugueses para votar nas próximas legislativas depende da possibilidade de "escolher entre as diferenças" e não de "compromissos, consensos ou conciliação" com o Governo.

"As eleições são um momento de escolhas e, como há 40 anos se dizia, o voto é a arma do povo, porque o voto decide, permitindo fazer diferente ou o mesmo - e 40 anos depois o fundamental para que os cidadãos voltem a acreditar que vale a pena votar é que as eleições permitam escolher entre diferenças", afirmou.

"Ninguém peça ao PS compromissos, consensos ou conciliação com a política que quer mudar. Pedimos ao povo o mandato de podermos mudar a atual política e virar a página da austeridade. É essa a mudança que é necessária e que queremos fazer", acrescentou.

O líder socialista disse ainda que a função do Presidente da República está bem definida, ser o Presidente de todos os portugueses de forma isenta e inspiradora, deixando críticas à avaliação feita por Cavaco Silva ao estado do país, no discurso na Assembleia da República.

"O Presidente da República tem uma função bem definida de representação da Nação e, como dizia Mário Soares - exemplo dos exemplos da forma como se exerce o mandato presidencial -, deve ser o Presidente de todos os portugueses, olhando para os problemas do país com isenção e de uma forma inspiradora - e não podendo deixar de olhar para o país de hoje sem compreender que o problema central é o desemprego e o da pobreza. Quando se faz a avaliação do país, esses têm de ser os dois problemas centrais colocados na agenda do dia", disse.

António Costa falava numa sessão de homenagem promovida pelo PS aos seus 141 deputados eleitos para a Assembleia Constituinte em 1975, cerca de duas horas depois de o Presidente da República ter discursado no parlamento no encerramento da sessão solene comemorativa dos 41 anos do 25 de Abril de 1974.

À entrada para o Largo do Rato, para um almoço com os deputados à assembleia constituinte eleitos pelo PS, Mário Soares disse aos jornalistas que não ouviu o discurso, acrescentando que não ouviu os apelos de Cavaco Silva ao consenso interpartidário. "Palavra? Olhe, não sabia", disse.

Quem também não ouviu o discurso de Cavaco Silva foi Manuel Alegre. O antigo candidato à Presidência não ouviu as palavras do Chefe de Estado não por não ter oportunidade, mas por opção, dizendo mesmo que o discurso de Cavaco Silva é algo que "ensombra" este dia do histórico socialista.