O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, e o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, apresentaram hoje a coligação dos dois partidos às legislativas como a renovação de uma política de prudência que não prejudique "o que já foi feito".
"Estamos a caminhar bem mas é preciso ter cuidado para não prejudicar o que já foi feito. Ser cauteloso nunca fez mal a quem assim procede em tempos de dificuldade", declarou Passos Coelho.
Numa declaração num hotel em Lisboa, onde assinaram um compromisso para uma coligação nas legislativas, Paulo Portas sugeriu aos portugueses "prudência e caldos de galinha com os que prometem ao mesmo tempo subir a despesa e baixar as receitas".
"Baixar o IRS e ao mesmo tempo disparar o défice e a dívida é uma ilusão porque a conta não fecha e os orçamentos, aliás, são verificados em Bruxelas", declarou o líder centrista, numa crítica ao PS.
Paulo Portas defendeu que "o PSD e o CDS têm uma mais-valia específica juntamente com independentes" que é a de poderem "formar uma maioria que dê a Portugal um Governo estável", sublinhando que "Portugal precisa disso para avançar".
"Somos partidos diferentes mas temos cultura de compromisso e capacidade de entendimento. Noutros setores, isso não se verifica. Acredito que podemos vencer e que hoje estamos a dar o primeiro passo para a mais credível das opções de Governo para Portugal", afirmou.
Passos Coelho defendeu, no mesmo sentido, que "nunca antes se fez em Portugal uma coligação que trouxesse tanta estabilidade e também tanta confiança ao país".
"Apesar das diferenças significativas entre os dois partidos, eles souberam gerar um compromisso suficientemente forte para que Portugal e os portugueses estivessem sempre primeiro", declarou.
O presidente social-democrata salientou que "esta coligação não representa uma aliança do poder pelo poder, mas antes uma aliança de projeto que está a recuperar o país e a fazer reformas e mudanças que há tanto eram necessárias e esperadas para Portugal".
"Seria uma contradição se a coligação não estivesse disponível para se renovar nas próximas eleições legislativas", disse Passos Coelho.
Em sintonia nos temas que abordaram e na forma como o fizeram, ambos os dirigentes se referiram a "feridas" que há a sarar no país e ao sofrimento gerado pelas medidas dos últimos anos.
"Estamos absolutamente conscientes do que muitos portugueses sofreram, das feridas que ainda existem, das dificuldades em muitas casas de muitas famílias portuguesas. Afinal, foi o esforço dos portugueses como um todo que salvou o nosso país da bancarrota", disse Paulo Portas.
Passos Coelho disse por seu turno: "Apesar do crescimento da economia e das melhorias registadas ao nível do emprego, há muitas feridas a sarar, muito a fazer pela coesão social e os nossos territórios, há muitos portugueses que aguardam por melhores notícias para um futuro melhor, é também com pensamento neles que precisamos de ter humildade e maturidade democrática de preservar este espírito de compromisso".
O presidente do CDS quis frisar que o projeto de coligação compromete-se com a "recuperação do poder de compra gradual mas firmemente", com o fim progressivo da sobretaxa de IRS e a reposição de salários da administração pública.
Paulo Portas reconheceu que "há problemas por resolver e reformas por consensualizar na área sobretudo das pensões públicas", mas disse que o que não farão certamente será "causar um colapso nas atuais contribuições dos trabalhadores, porque isso financia e paga as pensões dos atuais reformados", numa crítica indireta a proposta do PS nesta área.
Foi entretanto divulgado que o compromisso para uma coligação pré-eleitoral hoje assinado pelos presidentes do PSD e do CDS-PP prevê a elaboração de listas conjuntas com base nos resultados das últimas legislativas.
O compromisso deverá ser levado aos respetivos órgãos partidários na próxima semana.
"A aliança que proporemos ao PSD e ao CDS envolve a constituição de listas eleitorais conjuntas. Serão baseadas na representação que os dois partidos obtiveram nas últimas eleições legislativas, cumprirão os preceitos legais de igualdade de género e terão espaço para que setores independentes e inovadores se juntem e contribuam para um projeto vencedor", lê-se no documento.
O compromisso prevê também que os dois partidos dialoguem para, após as legislativas, apoiarem um candidato presidencial.
"A aliança que proporemos aos nossos partidos respeitará as autonomias regionais e incluirá o necessário diálogo para que, depois das eleições legislativas, apoiemos um candidato presidencial, tendo em atenção que as eleições presidenciais implicam decisões de vontade individual que não se esgotam nem dependem unicamente da esfera partidária", refere o texto.