Política

Costa e Thomas Piketty tecem críticas à austeridade

António Costa e Thomas Piketty Global Imagens/Orlando Almeida

Num encontro esta segunda-feira, António Costa e o economista Thomas Piketty, autor do livro "O Capital no Século XXI", conversaram sobre a importância de encontrar caminhos alternativos para a dívida que não passem por mais austeridade e sobre o papel da Alemanha e da França.

Encontrar novas formas de reduzir as dívidas públicas dos países e ter uma postura mais ativa e concertada no contexto europeu. António Costa e Thomas Piketty partilham da ideia de que a solução para as dívidas não passa por mais austeridade e, tal como o secretario geral socialista, também o economista francês defende uma viragem a nível europeu.

"Novas eleições em Portugal ou em Espanha podem fazer uma diferença na reorientação da Europa. Acho que na Europa estamos a cometer um erro ao pensar que podemos simplesmente reduzir uma dívida pública tão grande ao adicionar mais austeridade a mais austeridade", defendeu Thomas Piketty.

Mais austeridade que, diz António Costa, só tem aumentado as dívidas públicas e diminuído a capacidade de resposta dos países.

"Portugal é um exemplo de facto de que a austeridade não resolve o problema da dívida. Depois de quatro anos de austeridade, com cortes de salários e de pensões e com aumento da carga fiscal, a verdade é que temos hoje uma dívida 30 pontos percentuais acima daquela que tínhamos e com piores condições para poder pagá-la. É preciso pôr termo à política de austeridade", sustentou o líder socialista.

Para Thomas Piketty, que é já considerado um especialista na questão das desigualdades económicas, a história até tem demonstrado que, noutros tempos, também as grandes dívidas públicas de países como a França ou Alemanha, forma solucionadas com mais crescimento e não mais austeridade. Por isso, defende o economista, os dois países têm agora uma quota-parte de responsabilidade na situação de países como a Grécia ou Portugal.

"Alemanha e França têm sido muito egoístas em relação ao sul da Europa, mas também ineficientes nas suas decisões porque agora a situação na zona euro é a de um desemprego que cresceu bastante, em particular desemprego jovem. É muito complicado reduzir uma dívida pública tão grande com um crescimento económico tão baixo e um desemprego tão alto. Portanto, a Alemanha e França têm de aceitar que são corresponsáveis pela situação no sul da Europa", argumentou o economista.