Economia

Mário Centeno não descarta ser ministro, mas questão «neste momento não se põe»

Mário Centeno TSF/Dinheiro Vivo

Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o coordenador do grupo de peritos que fez propostas ao Partido Socialista afirma também que Portugal tem de chegar a um consenso sobre o sistema de pensões, mas sublinha que o «consenso não é um fim em si mesmo».

Caso o PS vença as eleições, Mário Centeno não põe de parte aceitar um eventual convite de António Costa para se tornar ministro: «A disponibilidade é ter um cartão do cidadão da República Portuguesa e ser um cidadão da União Europeia. E, como é evidente, isso tem de nos pôr à disposição e com a capacitação de poder tomar essas opções, mas felizmente não vou ser eu a ter que tomar o primeiro passo», responde, com risos, o coordenador do grupo de trabalho que pensou as propostas económicas para o PS.

Ainda assim, Mário Centeno ressalva que a questão não está em cima da mesa: «Estamos inseridos numa sociedade, a participação nessa sociedade envolve tomar decisões diárias, envolve analisar problemas, discuti-los, ter a atividade letiva nas universidades que eu tenho, que muito prezo, e que tento manter com um elevadíssimo nível. Tudo isso são contributos que nós damos enquanto estudiosos destes assuntos. Essa situação, neste momento, acredite, não se põe».

Em relação às propostas sobre a segurança social e o sistema de pensões, que mais polémica têm causado, Mário Centeno considera que o país tem de chegar a um consenso. «Não temos alternativa», diz Mário Centeno, que avisa que tem de se abandonar a ideia «de que há sempre uns escapes na economia portuguesa». «Se passarmos o resto da nossa História a gerir escapes e a contornar problemas que nós próprios criamos à nossa progressão económica, não vamos conseguir pagar pensões nos próximos anos», alerta o consultor do Banco de Portugal.

O economista defende, no entanto, que «o consenso é totalmente instrumental, não é um fim em si», criticando a forma como a ideia de consenso tem sido tratada nos últimos anos: «Foi completamente desbaratada, por essa pulsão de consenso num fim em si, e não num instrumento».

Uma das medidas propostas do grupo passa pela reformulação do fator de sustentabilidade das reformas. Mário Centeno clarifica que está em causa a «introdução de uma nova dimensão económica, que está ausente atualmente na lei de bases da Segurança Social, que é a dimensão do emprego». Hoje está apenas prevista a evolução do PIB e da inflação.

Questionado se a proposta do grupo de trabalho pressupõe um aumento do ritmo da idade de reforma, Mário Centeno responde que não está prevista, no cenário base, «nenhuma poupança adicional em consequência dessas alterações» ao fator de sustentabilidade. Para já, a regra atual determina que, em 2016, os trabalhadores só se podem reformar aos 66 anos e dois meses.