Economia

BdP "tem sempre algum atraso" se auditorias não forem bem feitas

Carlos Costa Global Imagens/Artur Machado

O governador do Banco de Portugal (BdP) não fala de casos concretos, mas garante que o supervisor só pode intervir de forma atempada se as auditorias tiverem dado conta do recado. Carlos Costa defende ainda uma mudança na relação entre bancos e clientes, para que ninguém finja desconhecer os produtos que contratou.

"Tem de haver prestação de contas, mecanismos de fiscalização internos independentes e mecanismos de auditoria externa eficientes", avisa Carlos Costa.

"Se isso não acontecer, é óbvio que o supervisor - que é a última linha de defesa da estabilidade da instituição - tem sempre algum atraso, e tem mais atraso ainda quando a informação de base sobre a qual se faz a supervisão, o controle, a gestão de risco, se essa informação estiver adulterada", alertou o governador do BdP durante o colóquio "Regulação e Consumidor: Problemas atuais e Desafios", em Lisboa.

Carlos Costa defende também alterações no relacionamento entre bancos e clientes "em termos de obrigações de informação, em termos de separação de balcões onde o produto é vendido, em termos de confirmação escrita de que o cliente sabe aquilo que está a comprar".

Caso contrário, diz o governador do BdP, corre-se o risco de "estarmos permanentemente, no final do processo, com uma situação em que toda a gente sabia o que estava a comprar, mas no final ninguém confessa verdadeiramente o que comprou". Declarações em que Carlos Costa nunca se referiu diretamente ao caso dos lesados do BES.