Por trás de cada prato, há uma história, uma inspiração, uma assinatura. Fazer uma refeição com uma estrela Michelin não é fazer uma refeição. É ter uma experiência.
"Come uma coisa tão simples, mas tão boa. Única. Quando se fala de estrelas é um bocado isso". Vítor Matos é o chef do Largo do Paço, em Amarante. "Nestas misturas, o que tento é procurar uma cozinha que tenha a minha assinatura", diz.
É uma cozinha que nos obriga a fechar os olhos quando descobrimos que o paladar pode provocar emoções. Emocionamo-nos com um prato como nos emocionamos com uma paisagem com a frescura do Tâmega à sombra das árvores, ali ao lado.
É precisamente daí que vem a inspiração do chefe que foge a "demagogias". Procura antes "a natureza, a sustentabilidade" e a genuinidade: "Quando eu digo que tem sardinha, tem que ter sardinha". Vítor Matos acredita que "o futuro vai ser a cozinha portuguesa". "Brincar com a cozinha tradicional portuguesa e reinventá-la".
Se este é o futuro, a verdade é que a carreira deste chefe com uma estrela Michelin começou com um olhar para o passado. Emigrou com os pais aos nove anos e, na Suíça, brincava com memórias, "com as lembranças das festas, do calor de verão, das comidas no pote de ferro". "Foi isso que me inspirou a ser cozinheiro", atira.
Agora faz cozinha como quem faz alta-costura. Primeiro, desenha o esquiço. Depois, quando passa à prática, a regra é "máxima qualidade e máxima frescura". Até porque nunca se sabe o dia em que aparece o inspetor.
"Não sabemos quem são, chegam aí, comem e pagam a conta". E também por isso não é fácil conquistar uma cintilante estrela no céu Michelin.