No ano passado, Portugal registou 197 situações suspeitas de tráfico humano.
O número de casos suspeitos de vítimas de tráfico de seres humanos diminuiu 36 por cento em 2014, ano em que foram sinalizadas 197, indica o relatório do Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH).
Das 197 sinalizações, 182 dizem respeito a cidadãos nacionais e estrangeiros detetados em Portugal e 15 a portugueses no estrangeiro, adianta o documento daquele organismo do Ministério da Administração Interna (MAI).
Segundo o relatório anual, em 2014 registou-se um decréscimo do número total de sinalizações (menos 36 por cento), influenciado apenas pelas situações detetadas em Portugal (menos 39%), uma vez que aumentaram em 67% as presumíveis situações de tráfico de seres humanos de portugueses no estrangeiro.
O relatório sobre o tráfico de seres humanos de 2014 refere que Espanha e França são os países mais referenciados como destino dos portugueses, que são sobretudo vítimas de exploração laboral para a agricultura e vindimas.
Das 182 presumíveis vítimas de tráfico de seres humanos sinalizadas em Portugal, 27 eram menores e 141 eram adultos, das quais 123 eram mulheres, indica o documento, sublinhando que as vítimas do sexo feminino, com destaque para romenas, estão associadas à quase totalidade dos registos de tráfico para fins de exploração sexual.
De acordo com o documento, o tráfico para fins de exploração sexual representou, em 2014, o maior número de casos sinalizados seguindo-se o tráfico para fins de exploração laboral, sendo sobretudo as vítimas homens.
O relatório mostra também que a maioria das sinalizações ocorreu nos distritos de Lisboa e Setúbal, com um total de 81 casos referenciados, predominando os casos de exploração sexual.
No que respeita ao tráfico para fins de exploração laboral, nomeadamente agricultura, foram sinalizados mais casos nos distritos de Bragança, Beja e Faro.
O organismo do MAI refere igualmente que a maioria das vítimas detetadas em Portugal é europeia (132), destacando-se as 78 de nacionalidade romena, seguindo-se as de origem africana (25), sobretudo da Nigéria (17).
Em 2014, Portugal manteve-se como "país de destino" (70% do número total de sinalizações), seguido de "país de origem" (43%) e como menos expressividade "país de trânsito" (16%).
Apesar da diminuição do número de sinalizações em 2014 face a 2013, o OTSH refere que a distribuição anual do número total das sinalizações revela "uma possível tendência de aumento", uma vez que no ano passado registaram-se valores superiores aos de 2011 e 2012.