A ideia foi transmitida pelo comissário europeu para o Euro. Valdis Dombrovskis diz que o esforço dos portugueses valeu a pena mas lembra que que ainda há desafios pela frente no que respeita a Portugal.
O vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo Euro, Valdis Dombrovskis, disse hoje que, face à descida do défice orçamental, há "espaço de manobra" em Portugal para se começar a pensar em inverter medidas de austeridade implementadas durante o ajustamento.
Num encontro com jornalistas portugueses, em Bruxelas, o comissário indicou que terá oportunidade de "discutir com mais detalhe" com as autoridades portuguesas políticas orçamentais e macroeconómicas quando se deslocar a Portugal, em junho, mas considerou que a evolução económica do país, resultante de um "esforço de reformas que é apreciado" em Bruxelas, permite começar a pensar em medidas como a reposição de salários, após os cortes introduzidos a título temporário.
O comissário lembrou que persiste "uma divergência" entre as previsões económicas do Governo e do executivo comunitário ao nível do défice, sobretudo para o próximo ano, mas considerou que, em termos gerais, a avaliação de Bruxelas é de que "o esforço de reformas em Portugal está a produzir resultados".
A uma semana do Governo assinalar a passagem do primeiro ano após o fim do programa de ajustamento, o comissário europeu para o Euro considera que as reformas aplicadas valeram a pena. Mas Valdis Dombrovskis entende que o país ainda enfrenta dificuldades.
O comissário dá como exemplos a questão dos salários, que "tem de avançar em linha com os desenvolvimentos da produtividade", e a "elevada dívida do setor público e a do setor privado que estão a agir como entraves ao crescimento".
Por essa razão, o comissário entende que têm de continuar a ser adotadas medidas.
"Há razões suficientes para haver garantias que as finanças públicas estão no caminho da sustentabilidade. E também tem de se trabalhar arduamente numa abordagem para resolver o problema do crédito mal parado nos bancos. E olharmos também para a dívida do setor privado e avaliar como podemos colocar a banca a fazer empréstimos à economia real. Isto para nomear apenas alguns dos desafios", explicou.
Ainda assim, o comissário considera que as políticas de austeridade valeram a pena. "Esse esforço de reforma está claramente a produzir resultados, quer em termos de crescimento económico e criação de emprego, quer no regresso à estabilidade financeira", adiantou.