Economia

Luís Amado admite que a economia portuguesa está a "recuperar"

Luís Amado Filipe Amorim/Global Imagens

"Não tenho nenhum preconceito em dizer que o país tem estado a recuperar do ponto de vista económico", afirmou hoje o antigo ministro socialista, acrescentando que "vai crescer até um pouco mais do que era previsível no início do ano".

Luís Amado acredita que, no final do ano, quando se fizerem as contas, a economia portuguesa vai apresentar um desempenho melhor do que o esperado: "Creio que a economia portuguesa vai crescer até um pouco mais do que era previsível no início do ano".

"Não tenho nenhum preconceito em dizer que o país tem estado a recuperar do ponto de vista económico. Tem beneficiado de uma mudança no processo político europeu. Sem dúvida que a Europa começa a demonstrar sinais de recuperação económica", acrescentou o antigo ministro do Partido Socialista durante a Conferência: Português, Língua de Oportunidades", no Pavilhão de Portugal.

No encontro, no âmbito das comemorações dos 150 anos da fundação do Diário de Notícias, Luís Amado sublinhou, no entanto, que a atual situação é ainda de alguma "gravidade", apesar de um "ambiente mais confortável".

Luís Amado fez notar ainda que, na sua opinião, o país carece de uma estratégia interna independente de quem governa: "Há falta de um conceito estratégico nacional que vincule mais determinantemente os atores e os responsáveis políticos a esse conceito. Acho que o país precisava disso".

"Um conceito que modele as opções políticas no quotidiano dos governos, independentemente da sua cor política", insistiu.

Luís Amado defende "compromisso" dos principais atores políticos para estabilizar definitivamente o país a nível interno e externo: "Acho que se o problema político for resolvido a partir de outubro (se não houver uma maioria, como é expectável), se houver capacidade de compromisso em relação aos principais desafios que o país tem pela frente, eu acredito que o país pode entrar definitivamente numa cena de estabilização do seu modelo de inserção na economia mundial e na globalização".

Abordando a questão da política externa portuguesa, Luís Amado reconheceu ainda as dificuldades que teve, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, na sequência do pedido de resgate financeiro: "A partir daí a minha convicção é de que eu deixei de ser ouvido. E era bastante ouvido".

O ex-MNE admite ainda que, ao assinar o memorando de entendimento com a troika, o país perdeu voz a nível internacional: "Do ponto de vista internacional, a imagem de um país em profunda desagregação das suas condições económicas sociais e políticas internas não é sustentável na relação de confronto quotidiano que o país tem que ter na arena internacional. Primeira condição para uma boa política externa é uma boa política interna".