Política

Passos promete estabilidade, Portas diz que coligação não fará "leilão de promessas"

Global Imagens/Orlando Almeida

Foram mensagens deixadas pelos dois lideres dos partidos da coligação, na cerimónia que serviu de apresentação do documento "carta de garantias"e das "linhas de orientação geral para a elaboração do programa eleitoral".

O presidente sociais-democratas, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje que a coligação oferece aos portugueses segurança, estabilidade e previsibilidade, e que os próximos quatro anos não podem ser de sobressalto em relação aos salários e pensões.

"O que é que nós queremos? Nós queremos que os próximos quatro anos não sejam anos de sobressalto, não sejam anos em que as pessoas não sabem o que é que vai acontecer com os salários, com as pensões, com os seus rendimentos ou com a sua vida. Queremos que os próximos quatro anos sejam anos de segurança, de estabilidade, de previsibilidade", afirmou Pedro Passos Coelho.

Numa intervenção de cerca de meia hora, na sessão de apresentação das linhas de orientação do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP, num hotel de Lisboa, o atual primeiro-ministro congratulou-se por o rotularem de "previsível", e apontou os últimos anos como um período de "sobressalto" pelo qual ninguém quer voltar a passar.

"Que bom para Portugal e para os portugueses não terem de viver em sobressalto à espera de novas medidas, de novos desenlaces, sem saber o que é que poderia acontecer, por causa da 'troika', por causa do Tribunal Constitucional, por causa da oposição. E todos passámos por isso. Não queremos voltar a passar por isso", disse.

Já o presidente do CDS-PP apresentou as nove garantias da coligação com o PSD às legislativas como as necessárias e viáveis, recusando um "leilão de promessas" como se se tratasse de "vender bacalhau a pataco".

"Os programas que são feitos com base num leilão de promessas, como se se tratasse de vender bacalhau a pataco, dizem a cada um o que cada um se calhar quer ouvir, mas não cumprem com o interesse nacional porque não explicam como tudo se financia e através de quem se paga a fatura", afirmou Paulo Portas.

"Temos todas as condições para mobilizar o país, temos todas as condições para nos reconciliarmos com aqueles que não perceberam algumas das medidas, temos todas as condições para esclarecer quem tenha dúvidas e para abrir o nosso coração e as nossas políticas aos independentes que hão de fazer parte de um projeto de esperança", defendeu Portas.

"Somos uma garantia de confiança, somos uma garantia de estabilidade, somos uma garantia de recuperação", declarou o presidente do CDS-PP, sublinhando diferenças até no número de garantias dadas - nove -, em contraste com os "números redondos" das promessas de outros partidos "para parecerem bem".

Por outro lado, defendeu, na coligação PSD/CDS-PP, "as garantias são o que são", as que se consideram "necessárias, viáveis e que podem mobilizar o país para uma legislatura de esperança".

Paulo Portas foi percorrendo os nove pontos da "carta de garantias", citando-os um a um e a vários dos parágrafos que os desenvolvem, começando pelo primeiro, a garantia de "que Portugal não voltará a depender de intervenções externas e não terá défices excessivos".

"Connosco, os portugueses sabem que as contas públicas serão geridas com prudência e rigor, o que significa que Portugal não voltará a cair numa situação humilhante de intervenção externa, dependência de 'troikas' de qualquer natureza ou imposição de políticas pelos credores", citou.

Sobre a garantia de o desemprego baixar, "pelo menos, para a média europeia", Portas declarou que "os portugueses estão cansados de políticos que prometem empregos que não podem criar" e "sabem que o maior contributo para a criação de empregos vem das empresas".

"Estamos conscientes que, para os que estão desempregados, a mudança de ciclo ainda não chegou a suas casas", afirmou Portas, garantindo "todas as políticas que permitem reforçar a criação de emprego".

Na sua apresentação, o líder centrista deu relevo à garantia de PSD e CDS-PP pugnarem pela inscrição na Constituição de um limite à dívida pública.

"Nenhum Estado atravessa as circunstâncias dolorosas que Portugal viveu com a proximidade da bancarrota em 2011, sem retirar daí lições consequentes", argumentou, citando a carta de garantias.

Portas sublinhou que "a questão da dívida pública é, por natureza intergeracional e, portanto, estruturante", argumentando que "dívidas exageradas pagam-se caro em austeridades coercivas e impostos elevados"

"As políticas que conduzem a dívidas excessivas não são, aliás, autorizadas pelas gerações seguintes que também serão chamadas a pagá-las. É uma injustiça flagrante", declarou.

O presidente do CDS-PP destacou também a garantia de que "a eliminação progressiva da sobretaxa de IRS e a recuperação gradual do rendimento dos funcionários públicos".

"A nossa proposta é viável; outras, não o são", frisou.