O crime foi cometido a 10 de junho de 1995, em Lisboa. Duas décadas depois, o advogado garante que a família de Alcino Monteiro não recebeu um tostão da indemnização a que tinha direito.
Faz agora vinte anos que morreu Alcino Monteiro, um português, com raízes em Cabo Verde que foi espancado com paus, soqueiras, botas de biqueira de aço e garrafas partidas. As agressões causaram fraturas múltiplas na cabeça e na coluna.
A vítima entrou em coma e morreu. Dois anos depois, o grupo de quinze "skinheads" que o agrediu foi condenado com penas que foram dos dezoito anos de prisão aos vinte e quatro meses.
O tribunal decidiu, ainda, que os arguidos pagassem 18 mil contos, ou seja noventa mil euros. Acontece que a indemnização nunca foi paga à família da vítima. João Nabais, o advogado da família de Alcino Monteiro recorda que "os indivíduos que foram condenados eram, na altura, bastante jovens. Não tinham, nem os familiares, meios nem bens. As coisas ficaram sem consequência".
O advogado João Nabais considera, no entanto, que nem tudo se perdeu. A sentença teve um outro efeito, importante e pedagógico. "Estamos a falar de um movimento que na altura ameaçava alastrar-se, no final dos anos 80 início dos anos 90. Era um grupo xenófobo muito forte e de grande radicalismo".
Os arguidos foram culpados de homicídio qualificado motivado por razões raciais, mas a questão do genocídio ficou em aberto, porque o tribunal entendeu que não se provou a intenção de eliminar uma raça, mas sim de expulsar os negros do país.
Alcino Monteiro foi assassinado a 10 de junho de 1995 no Bairro Alto, em Lisboa, por um grupo de "skinheads" que na mesma noite agrediram várias pessoas.