O papa Francisco apresenta hoje a encíclica dedicada ao ambiente, na qual apela para a responsabilidade de todos na proteção do planeta, "que está a ser destruído".
Na audiência geral de quarta-feira, Francisco sublinhou que a destruição da criação prejudica todos, mas "especialmente os mais pobres". "Por isso, apelo para a responsabilidade, com base no dever que Deus deu ao ser humano na criação: cultivar e proteger o jardim (...)", alertou.
O antigo arcebispo de Buenos Aires convidou todos a receberem com "uma atitude de abertura" este documento, "de acordo com a doutrina social da Igreja".
"Laudato si. Sobre a proteção da casa comum" é o título da primeira encíclica de Francisco, já que a anterior - "Lumen Fidei" (A Luz da Fé) - foi em grande parte escrita pelo antecessor, o papa emérito Bento XVI. "Laudato si" [Louvado sejas, em latim] é a primeira frase do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, escrito em 1225.
Este é também o segundo documento pontifício depois da exortação apostólica "Evangelii Gaudium" (A Alegria do Evangelho).
Nesta encíclica, publicada seis meses antes da conferência sobre as alterações climáticas, em Paris, o papa vai pedir à humanidade, que aponta como principal causadora do aquecimento global, que atue o mais depressa possível para salvar o planeta.
De acordo com uma versão provisória não-oficial publicada pelo semanário italiano L'Espresso, o papa considera indispensável uma redução drástica das emissões de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases altamente poluentes.
Nesta versão, Francisco pede também acordos que definam as responsabilidades dos Estados que devem suportar os custos mais elevados da transição energética.
Na semana passada, Jorge Bergoglio, que denuncia regularmente a cultura "do desperdício" e os excessos do capitalismo selvagem, afirmou que "a sobriedade não se opõe ao desenvolvimento, é a sua condição".
"Esta encíclica terá um grande impacto: Francisco envolveu-se diretamente, como nenhum papa antes dele. Anima-o uma profunda paixão, que esta encíclica vai transmitir", afirmou Christiana Figueres, presidente da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), numa recente reunião em Bona (Alemanha).