Política

Passos: "Ditadura das finanças só ocorre por más decisões dos políticos"

lusa/Hugo Delgado

O primeiro-ministro defende que Portugal se deve manter "dentro desta nova normalidade", que considera indispensável para, nos próximos anos, remover "os resquícios de austeridade", sem penalizar os mais vulneráveis e que têm rendimentos mais baixos.

Ao discursar numa sessão na Câmara de Viseu, Passos Coelho referiu que Portugal deve conseguir, "pela primeira vez, que o défice das contas públicas fique abaixo dos 3%", sendo a meta do Governo os 2,7%.

"Os dados de que dispomos continuam a apontar para que esse objetivo seja alcançado. Isso é indispensável a Portugal", frisou.

Apesar da possibilidade de virem a ocorrer "tempos de maior perturbação financeira nos mercados externos", o governante garantiu que Portugal tem "reservas suficientes" para passar este período.

"Temos o suficiente para esperar que uma resposta mais robusta da área do euro possa vir a acontecer em defesa da própria zona euro, se isso for necessário", acrescentou.

No entanto, segundo Passos Coelho, em períodos de maior perturbação, ainda é mais importante mostrar a determinação de Portugal "em ter boas contas e em aliviar a pressão sobre os portugueses", sendo esse o motivo por que o Governo faz "tanta questão de ficar com o défice abaixo dos 3%".

"As pessoas muitas vezes acham que esta é uma perspetiva um bocadinho economicista de tratar os nossos problemas públicos. Mas não é. Quando a política falha, quando os políticos não revelam o nível de responsabilidade suficiente, é nesse dia que se submetem à ditadura das finanças", considerou.

O primeiro-ministro lembrou que Portugal vai ter acesso "a mais de 20 mil milhões de euros nos próximos anos em termos de financiamento europeu", que serão maioritariamente destinados à promoção da competitividade dos territórios, da economia e das empresas.

Apesar de os mercados financeiros já permitirem o investimento que é preciso para o desenvolvimento de Portugal, considerou que "ainda não está tudo feito".

"À nossa escala estamos a fazer o que é preciso. Do lado da Europa ainda precisamos de mais aperfeiçoamentos nesta matéria, seja ao nível da união bancária, seja ao nível da chamada união financeira, que pressupõe também a união de mercados de capitais", defendeu.

Passos Coelho fez votos para que "o que se está a viver com a Grécia não impeça essa discussão na Europa e, pelo contrário, até acelere algumas das decisões" que é preciso tomar.

"Devemos acelerar a nossa discussão e adotar decisões importantes até ao final do ano que mostrem a vontade que ao nível da zona euro existe de fortalecer o euro, de trazer uma união bancária e uma união financeira que coloque todas as empresas em melhor condição de competição, de modo a não prejudicá-las pela sua geografia", acrescentou.