PSD e CDS defendem que o governo grego tem agora a obrigação de tirar país do impasse e apresentar uma solução. O PS acusa o Governo de tratar a crise na Grécia como um assunto partidário. PCP e Bloco de Esquerda destacam grande vitória da Grécia.
O vice-presidente do PSD Marco António Costa afirmou esta noite que "a realidade torna-se muito simples: o referendo coloca agora nas mãos do governo grego a capacidade e o dever de apresentar uma solução para o impasse a que se chegou".
Tal solução, acrescentou o social-democrata, deverá encontrar um equilíbrio entre as "legítimas aspirações dos gregos" mas tendo em conta o "respeito pelas regras da união monetária", "Não é tempo para exaltações, muito menos para precipitações, antes de [haver] diálogo com realismo e responsabilidade", prosseguiu Marco António Costa.
O PSD, "contrariamente a outros, não navega ao sabor dos ventos", e "mantém inabalável o seu compromisso de projeto europeu", acrescentou, lembrando que Atenas continua a viver uma situação de "emergência financeira e social".
A vice-presidente da bancada do CDS-PP Cecília Meireles defendeu que "tendo o povo grego confirmado este "não", compete naturalmente agora às autoridades gregas, nomeadamente ao seu Governo, apresentarem soluções alternativas, viáveis e executáveis".
Cecília Meireles afirmou também esperar que "os próximos passos dispensem retóricas ideológicas, visto que não é certamente chamando terroristas aos outros governos europeus que se cria um clima favorável e positivo para o diálogo".
"O CDS, em nome da prudência e do realismo, desaconselha proclamações eufóricas e definitivas sobre a situação da Grécia e as consequências do referendo", acrescentando que "as dificuldades conjunturais e estruturais da Grécia não desapareceram nem desapareceriam qualquer que fosse o resultado do referendo".
Já o PS acusou o Governo de tratar a crise na Grécia "como um assunto partidário" e apelou ao executivo de Passos Coelho "para se empenhar ao nível europeu numa solução. É do interesse nacional que o Governo português seja capaz dessa correção de rumo".
O membro do Secretariado Nacional do PS Porfírio Silva acrescentou ainda que para o partido o caminho passa por "negociar e conseguir" um acordo entre os credores e Atenas. "Não nos podemos resignar a uma ausência de acordo", disse, advertindo ainda que em causa no referendo estava o não a um "projeto de acordo", ao invés de um chumbo à Europa ou à moeda única.
"Com um governo do PS, Portugal não ficará a falar sozinho na Europa. Com um governo do PS, Portugal não seguirá a via de submissão do Governo de Passos Coelho, nem seguirá uma via de orgulhosamente sós, porque na Europa precisamos de aliados, de construir acordos, de fazer vingar os nossos interesses", sublinhou.
O eurodeputado do PCP João Ferreira considerou que "o resultado do referendo na Grécia constitui uma importante derrota para a União Europeia e para o FMI", criticando a "inaceitável postura do Governo português e do Presidente da República".
O PCP deixou ainda um "alerta para o prosseguimento das manobras daqueles que, com a UE e o FMI, desrespeitando a vontade do povo grego, procurarão impor à Grécia, como impõem a Portugal, a dependência e o desastre económico e social", sublinhando que aquilo que se impõe é "o respeito da vontade uma vez mais expressa pelo povo grego".
O resultado, para os comunistas, "rejeita a continuação da política de exploração e empobrecimento que a UE e o FMI têm procurado impor" e é "tão mais significativo quando alcançado sobre a pressão de uma inadmissível e colossal operação de ingerência e de destabilização, promovida pela UE e o FMI contra o povo grego", ação que em Portugal "contou com a ativa participação do Governo PSD/CDS e do Presidente da República".
Quanto à porta-voz do Bloco de Esquerda Catarina Martins, considerou que a Grécia deu uma "grande lição à Europa mostrando que entre a democracia e a chantagem escolhe a democracia, provando que é possível vencer o medo mesmo quando o BCE (Banco Central Europeu) obrigou ao fecho da banca na Grécia".
"Para lá de toda a chantagem", continuou Catarina Martins, "o povo grego respondeu à chamada e foi votar no referendo, numa votação expressiva e muito participada". Na opinião da dirigente bloquista, isto mostra que o povo grego respondeu ao referendo "com mais determinação para acabar com a austeridade" e que "os gregos e as gregas querem ter poder de decisão sobre o seu futuro", como os portugueses também "gostariam de ter".
Quanto ao Governo português, Catarina Martins considerou que "envergonhou portugueses e portuguesas ao longo da última semana", acrescentando que o executivo de Passos Coelho "esteve sempre do lado do sistema financeiro e da Alemanha e portanto não esteve nunca a defender os interesses da população portuguesa". "O Governo português teve uma ação lamentável e felizmente não é ouvido na Grécia", considerou.