Falta de apoio de Alexis Tsipras. É este o motivo para a demissão de Yanis Varoufakis. A revelação é feita pelo próprio, uma semana depois de ter abandonado o cargo de ministro das finanças da Grécia na primeira entrevista depois da demissão.
O Eurogrupo é uma orquestra bem afinada e o ministro alemão das finanças é o maestro. Yanis Varoufakis diz que apenas a França se atreve a desafiar a batuta de Wolfgang Schauble. Michel Sapin, o homem que toma conta das finanças francesas, emite, de vez em quando, uns ruídos subtis depressa abafados pelo tom ditado pelo chefe da orquestra.
O antigo ministro grego fala, assim, do domínio absoluto e esmagador da Alemanha no Eurogrupo. nesta conversa telefónica com a Newstatesman, uma revista britânica de economia e política. Varoufakis tem uma explicação para o afastamento da equipa negocial grega, em abril - o problema, diz, é que tentava falar de economia com os ministros das finanças - algo que ninguém faz no Eurogrupo
Nesta entrevista, Yanis Varoufakis conta o verdadeiro motivo da demissão. Na noite do referendo, o núcleo duro do Syriza rejeitou um plano que ele próprio desenhou, e que tinha por objetivo reforçar o peso da Grécia nas negociações. O plano não previa o "grexit", mas implicava usar esse cenário como trunfo perante os credores. A ideia não convenceu nem o próprio Alexis Tsipras. Derrotado, Varoufakis só encontrou um caminho - a demissão.
Ainda assim, o homem que chegou a ser chamado ministro pop star, entende os motivos de Tsipras. Varoufakis não podia garantir que o plano não acabasse mesmo por forçar a Grécia a sair do euro. Num cenário desses, eram muitas as dúvidas sobre a capacidade do país em lidar, sozinho, com as consequências, por isso, compreende o não do primeiro-ministro. Afinal, diz Varoufakis, Tsipras tem a obrigação de garantir que a Grécia não se transforma num estado falido.