Em entrevista à estação de televisão SIC, o vice-primeiro ministro garantiu que a Função Pública vai recuperar uma parcela dos salários. Portas falou também da sobretaxa do IRS e não poupou críticas ao PS, responsabilizando-o pelo desemprego no país.
Paulo Portas garante que a Função Pública vai recuperar uma parcela significativa dos salários já em 2016, se a coligação for eleita nas próximas legislativas.
"Vamos recuperar os salários da Administração Pública, a um ritmo provável de 20 por cento ao ano" disse o vice-primeiro-ministro em entrevista esta terça-feira à estação de televisão SIC, acrescentado que os cortes foram "excecionais". "O Estado cumpre a sua palavra dizendo 'eu vou remover aquilo que só por circunstâncias excecionais tive de fazer'", disse.
Sobre a sobretaxa do IRS, Paulo Portas acredita que, em 2016, os portugueses vão sair a ganhar. "Qualquer cêntimo a mais na receita, em vez do Estado o ir buscar e se apropriar do excesso de receita, é inteiramente dedicado à devolução da sobretaxa que, sobre o IRS de 2015, acontecerá em 2016", explicou o ministro.
Nesta entrevista à SIC, o vice-primeiro-ministro não poupou criticas ao principal partido da oposição. Paulo Portas responsabilizou o PS pelo desemprego, argumentando que foi o partido que "trouxe o resgate, o memorando e a recessão a Portugal", e considerou que a criação de postos de trabalho está numa tendência "mais positiva".
Na entrevista à SIC, o também presidente do CDS-PP afirmou que "a tendência é mais positiva do que negativa" no desemprego, em Portugal, e que, "nos últimos dois anos, de facto, criaram-se 175 mil novos postos de trabalho".
Questionado sobre um eventual apoio a um Governo que não seja do PSD, Paulo Portas falou dos seus "receios em relação ao PS", apontando a falta de "revisão crítica" dos socialistas relativamente à situação que levou à ajuda externa em 2011, a posição de António Costa sobre a Grécia, e as propostas económico-financeiras socialistas.
O vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP disse que chega "ao fim destes quatro anos com sentido de missão cumprida" e afirmou que "o Governo deve, em geral, um enorme obrigado e reconhecimento" aos portugueses.
Portas diz que paga "um preço de compreensão" por demissão "irrevogável" em 2013
A demissão de Portas do Governo, em 2013, foi introduzida na entrevista com uma questão sobre a capacidade política da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tendo a crise no Governo sido aberta na sequência da saída de Vítor Gaspar e nomeação da atual ministra para a pasta.
"Tenho uma relação com ela que é diária, é muito boa e até bem-disposta, devo dizer", respondeu, quando foi interrogado sobre se foi surpreendido pela capacidade política da ministra das Finanças.
"Eu, em determinado momento, vi-me forçado a tomar uma atitude que foi um pedido de demissão, qualifiquei-o como irrevogável, revoguei essa decisão, pago o preço em termos de compreensão por ter feito essa revogação", afirmou.