A escritora e artista plástica Ana Hatherly, um dos nomes da vanguarda da poesia experimental, morreu hoje aos 86 anos num hospital em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Fundação Calouste Gulbenkian.
Nascida no Porto em 1929, Ana Hatherly teve um percurso transversal no cinema, artes plásticas, poesia e prosa, cruzando quase sempre as diferentes expressões artísticas. Tem o nome inscrito na vanguarda da poesia e na forma como o poema é escrito no papel, tornando-se numa obra visual.
Autora do primeiro poema concreto escrito em Portugal, Ana Hatherly é "um dos nomes mais relevantes das vanguardas literário-artísticas portuguesas da segunda metade do século XX"", que explorou "as questões da visualidade do texto e do acto da escrita (desde a sua origem), associando-as a uma profunda pesquisa sobre os processos criativos", afirma a Fundação Calouste Gulbenkian, numa nota enviada à agência Lusa.
No campo da escrita, "o labirinto, leitmotiv na obra de Ana Hatherly, dir-se-ia a o motor da narrativa que aborda temáticas a impossibilidade e a incomunicabilidade".
Licenciada em Filologia Germânica e doutorada em Estudos Hispânicos, Ana Hatherly tem ainda formação em cinema e música e foi professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde co-fundou o Instituto de Estudos Portugueses.
A autora foi ainda uma das fundadores do PEN Clube Português e tem o nome inscrito na criação das revistas "Claro-Escuro" e "Incidências".
Iniciou a carreira literária em 1958 - celebrou 50 anos em 2008 -, tendo publicado nos primeiros anos as obras "Um ritmo perdido" e "As aparências".