Economia

INE garante que não há "erro" nos números do desemprego

Instituto Nacional de Estatística DR

A taxa de desemprego, anunciada esta semana, gerou polémica entre Governo e Oposição. O instituto admite deixar de publicar dados provisórios do desemprego.

A presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), Alda Carvalho, afirmou esta sexta-feira que a revisão dos dados mensais do desemprego se traduz na "aplicação da metodologia" e não, num erro daquele Instituto.

"Não há erro. É a aplicação da metodologia e a matéria-prima com que trabalhamos conduziu efetivamente aquele resultado. É verdade que ficámos surpreendidos com a dimensão da última revisão, que não é inédita. Já houve no passado com dados do Eurostat", disse a presidente do INE em conferência de imprensa.

Alda Carvalho, que falava aos jornalistas num encontro, em Lisboa, na sequência da polémica em torno dos números do desemprego que ao longo da passada semana causaram alguma polémica entre o Governo e o INE, admitiu ter ficado surpreendida com o resultado.

Há cerca de uma semana, o INE divulgou que a taxa de desemprego foi de 12,4% em junho e reviu significativamente para baixo - em 0,8 pontos percentuais - a taxa estimada para maio. Os valores de maio provocaram mal-estar entre o Governo e o INE, e chegaram ao debate político, depois de a primeira estimativa do desemprego de maio ter apontado para um aumento do desemprego, ao passar para 13,2%, tendo afinal sido revisto para 12,4%, o mesmo que foi apurado para o mês de junho.

"A primeira reação que temos quando nos aparece um resultado surpreendente é ir à base e, de facto, a revisão que fizemos antes da divulgação não justificou que fizéssemos qualquer alteração face ao que estava publicado. Isto não significa que nunca erramos, mas neste caso, efetivamente, revisitando todo o processo de produção do valor mensal, chegou-se rigorosamente à mesma conclusão", sustentou.

Se, por um lado, o Governo enalteceu o resultado, a oposição acusou o executivo de estar a adulterar os números do desemprego em Portugal, levando o executivo a responsabilizar o INE pela revisão. Esta troca de acusações acabou por causar também mal-estar no INE, com a Comissão de Trabalhadores a falar de "aproveitamento político" dos dados sobre desemprego e a alertar para "situações de interpretação abusiva" da informação devido ao aproximar de eleições.

Ora, Alda Carvalho assegurou esta tarde que "as estatísticas que o INE produz não são fabricadas dentro do INE, decorrem de matéria-prima que é recolhida junto da sociedade. O INE recolhe essa informação base, é trabalhada segundo as melhores metodologias e o output é rigorosamente aquele que resulta da aplicação dessas metodologias".

No entanto, a responsável admitiu ponderar a possibilidade de o INE deixar de publicar as estatísticas mensais provisórias sobre o mercado de trabalho, embora alguns 'stakeholders' "ou partes interessadas" prefiram manter a publicação, como é o caso dos ministérios da Economia e da Solidariedade e Emprego.

Alda Carvalho insistiu, contudo, tratar-se de uma possibilidade e não, de uma decisão definitiva.