Política

PS não conta com PCP e Bloco se optar por "política de direita"

Global Imagens/Pedro Rocha

Foi a certeza deixada por Jerónimo de Sousa e Catarina Martins no primeiro debate das legislativas entre lideres partidários.

No primeiro dos debates televisivos entre as forças políticas no parlamento, na RTPinformação, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins "trocaram galhardetes", admitiram convergências passadas e futuras contra a austeridade e condenaram declarações do eurodeputado do PSD Paulo Rangel sobre a atuação da Justiça relativamente ao poder político e económico.

O secretário-geral do PCP foi taxativo - "o problema está no lado de lá [PS]" - e a porta-voz do BE afirmou que "não é para isso" que o seu partido concorre às eleições, pois "o PS, para fazer um Governo de direita, pode fazê-lo com partidos de direita", responderam quando questionados sobre eventuais entendimentos com o maior partido da oposição.

"Estamos prontos e preparados para assumir uma alternativa. Seremos parte de um governo em conformidade com a vontade o povo português, com a sua expressão de apoio, não será nunca por favor de outros ou em nome de uma estabilidade governativa", continuou o líder comunista, rejeitando à partida "este ou aquele lugar para fazer uma política extremamente negativa", pois "o Mundo não acaba ou começa no dia 04 de outubro" e "ninguém é dono dos votos dos portugueses".

A dirigente bloquista asseverou que "o BE nunca quis ficar de fora de governos, que são constituídos de acordo com os votos que as pessoas têm no dia das eleições", mas reconheceu que "não houve ainda condições para existir um governo de esquerda".

"Num governo contra a austeridade, o BE nunca faltará e não tenho dúvida de que o PCP faz parte desse campo importante contra a austeridade. Se seria tudo exatamente igual? Claro que não será. Não há ninguém que não saiba que o BE, como o PCP, nunca deixou de fazer as convergências essenciais para mudar a vida das pessoas. Nunca faltaram a essa responsabilidade", disse Catarina Martins.

Para Jerónimo de Sousa, "a vida tem demonstrado que o PS, em minoria ou em maioria absoluta, sempre, mas sempre, ao longo destes 39 anos, fez uma opção - a política de direita - e a verdade é que os portugueses têm prova de facto, incluindo neste programa eleitoral [do PS]", que, segundo o deputado do PCP, só se diferencia da coligação PSD/CDS-PP no "ritmo, modo ou grau" de austeridade.

"Os portugueses têm ou não direito a um desenvolvimento e crescimento económico soberanos, livres dos constrangimentos e da submissão? É irresponsável não o fazer [estudar e preparar saída da moeda única europeia], por decisão do povo português ou de outros", insistiu Jerónimo de Sousa, sublinhando os "custos por esta aventura", do "Portugal no pelotão da frente, Portugal na moda", que ficou "sem aparelho produtivo".

Catarina Martins concordou que, "se a união monetária não muda, Portugal tem de estar preparado para uma rutura para sobreviver" e admitiu que o BE aprendeu "muito com o que aconteceu com a Grécia".

"Neste momento, na Europa, quem não tiver capacidade para ter uma alternativa que pode passar, eventualmente, pelo rompimento com a união monetária, bem pode acabar no Conselho Europeu a ficar com o plano que o ministro das Finanças alemão tiver feito para o seu país", anteviu, embora acrescentando que "a saída do euro" não é a "saída para a crise em que o país se encontra".

Relativamente à polémica sobre as declarações do social-democrata Paulo Rangel, Jerónimo de Sousa disse ser "inaceitável", pois "colide com a separação de poderes", tratando-se de "meios pouco claros" de "combate político", enquanto Catarina Martins classificou a atuação do eurodeputado do PSD como de "política de toca e foge", que é "muito feia" e "lamentável".