Passos Coelho diz que se formar Governo faz sentido o líder do CDS continuar como vice-primeiro-ministro. O presidente do PSD deixa também um alerta aos que no dia 4 possam não ir votar por desagrado com a atual maioria.
"Se eu ganhar as eleições, o Governo será conhecido depois de eu ganhar as eleições mas ninguém estranhará que, sendo o doutor Paulo Portas o presidente do segundo maior partido, que ele continue como vice primeiro-ministro. Isso é o que tem todo o sentido face à nossa experiência", afirmou Pedro Passos Coelho.
Numa entrevista à RTP, o presidente do PSD recusou mais comentários sobre um futuro elenco ministerial, nomeadamente sobre a continuidade de Maria Luís Albuquerque nas Finanças, considerando que esta é uma matéria em que tem de haver "cerimónia".
Sobre acordos com o PS para a Segurança Social, Passos afirmou ter "a certeza absoluta que o PSD estará no dia a seguir às eleições, qualquer que seja o resultado, disponível, para fazer um acordo de regime sobre a Segurança Social".
Questionado sobre se isso será independente da liderança do PSD respondeu: "Isso não tenho dúvida nenhuma".
Perante a insistência para que esclarecesse se ficará na presidência do PSD mesmo que não ganhe as eleições, respondeu com o seu passado enquanto líder da oposição.
"Não estou como candidato novamente a primeiro-ministro a dizer às pessoas que estou a pensar o que vai acontecer se eu perder. Mas os portugueses sabem uma coisa, é que eu já estive no maior partido da oposição como líder, antes de ser primeiro-ministro presidi ao PSD na oposição e, não por ter grande proximidade ou gostar muito do governo socialista de então, não faltei com o apoio que era indispensável - várias vezes, não foi uma - para ajudar o país a evitar um resgate", afirmou.
O presidente do PSD disse não colocar cenários pós-eleitorais, exceto para se dirigir aos portugueses que possam acordar "no dia a seguir às eleições com um resultado que não fosse o que eles queriam", numa referência a potenciais abstencionistas da área política da coligação PSD/CDS-PP.
Antes, Passos Coelho já se tinha dirigido diretamente a estes eleitores, falando de uma "parte do eleitorado que votou nos dois partidos há quatro anos e que ainda não está reconciliada com o voto que teve" e com a ação do Governo.
"Acho que se pensarem bem, esses eleitores, olhando para as experiências que outros países seguiram, nós não podíamos ter feito as coisas de maneira muito diferente. Quando nós não temos muito dinheiro, temos um défice de 11% e temos de reduzir, só temos de cortar despesa - ou se não nos deixarem cortar despesa, como aconteceu algumas vezes, por imperativo constitucional, que eu respeito - resta-nos a via dos impostos", argumentou.
"Se esses eleitores, porque não gostaram das medidas que nós tomámos, porque se sentiram desiludidos com o caminho porque tinham outras expectativas, entenderem não ir votar, é muito possível no dia a seguir às eleições terem um resultado com que não contam", disse.