O líder socialista defende que a melhoria das contas públicas e da balança do sistema de pensões não se faz por via de um corte aplicado aos pensionistas, mas aumentando o número de pessoas empregadas
Sem falar em números concretos, António Costa diz ter uma certeza: "Ao contrário do que o governo pensa, não é cortando nas pensões dos pensionistas que nós consolidamos as nossas finanças públicas. Nós reforçamos o financiamento da Segurança Social se houver mais emprego".
O líder do PS insiste que, com um governo socialista, a "única reforma" a que os portugueses assistirão no sistema de pensões será a da "diversificação das fontes de financiamento" que garanta a sustentabilidade dabe Segurança Social.
Em Vila Real, numa noite marcada pelas intervenções enérgicas do ex-ministro Augusto Santos Silva e do ex-diretor de campanha e atual cabeça de lista do distrito, Ascenso Simões, o secretário-geral do PS insistiu no tema e voltou à carga com a necessidade de poupanças, por parte do estado, nas prestações sociais não contributivas.
"O que nós queremos não é diminuir a despesa tirando o Subsídio Social de Desemprego a quem ainda não encontrou emprego, é diminuir a despesa no subsídio social de desemprego porque quem o recebe deixa de precisar de o receber", diz Costa.
E, entende o líder socialista, com mais portugueses empregados, será menor o gasto em prestações sociais por parte do estado: "Porque [cada cidadão] deixa de estar na situação de desemprego e passa a estar a trabalhar. E, em vez de viver do susbsídio está a contribuir para sustentar a Segurança Social".
Durante o comício, António Costa não quantificou as poupanças nem mencionou a questão da condição de recursos como forma de reduzir a despesa.
A entrada para o palco erguido no Largo da Capela Nova foi feita em clima de festa. Os militantes e simpatizantes pediram e voltaram a pedir para que António Costa saltasse. E ele saltou mesmo.
Deles, ouviu-se 'Fora Passos!', ouviu-se 'Força PS!' e, do secretário-geral, o compromisso de que o emprego é "a causa das causas", importante para os trabalhadores e para os reformados.
"Dez por cento das pessoas que trabalham vivem abaixo do limiar da pobreza e nós não podemos aceitar isso: propomos uma prestação de apoio que devolva dignidade aqueles que trabalham", diz.
António Costa voltou a repetir as críticas ao governo para sublinhar que esta política não resolveu nenhum problema do país e que "Portugal andou treze anos para trás no seu crescimento".
Antes do líder do PS, já Augusto Santos Silva tinha deixado críticas à coligação PSD/CDS-PP: "Este bando de incompetentes tem de ser posto na rua!", exclamou.
O antigo ministro socialista não esqueceu ainda o "lapso" de Pedro Passos Coelho.
Passos Coelho tinha anunciado um pagamento antecipado ao Fundo Monetário Internacional, no valor de 5,4 mil milhões de euros, no dia 15 de Outubro. Uma afirmação que, de acordo com fonte do gabinete do primeiro-ministro, surgiu de um equívoco "com as datas", tratando-se de um reembolso previsto por via de uma obrigação emitida em 2005.
Augusto Santos Silva afirma que o "lapso" do chefe do executivo "cheira mais a aldrabice", por parte de um "especialista em lapsos".
"Ele prometeu que não se mexia nas pensões, que não se aumentava o IRS, que não se mexia nos apoios sociais. Foi um lapso", disse.
Durante a noite, Passos Coelho admitiu o erro: "São Obrigações do Tesouro contraídas há dez anos pelo governo socialista".
Santos Silva deixou criticas ao "lapso", mas reforçou a ideia: "O senhor primeiro-ministro estava muito entusiasmado com a campanha eleitoral e enganou-se. O que o Tesouro português vai pagar é, pura e simplesmente, um empréstimo contraído há dez anos e, portanto, ao fim de dez anos tem de ser pago".