Sociedade

Cavaco diz que há "valores e princípios que a UE não pode abandonar"

Cavaco Silva Sebastian Kahnert/EPA

O Presidente da República espera que o próximo Conselho Europeu "esteja à altura" para responder à crise dos refugiados, por estarem em causa "valores e princípios que a União Europeia não pode abandonar", como a solidariedade.

"Espero que o Conselho Europeu de amanhã (quarta-feira, em Bruxelas) esteja à altura porque estão em causa valores e princípios que a União Europeia (UE) não pode abandonar, onde se incluem a solidariedade e a liberdade de movimentos", afirmou Aníbal Cavaco Silva aos jornalistas portugueses, à margem do encontro na Alemanha do Grupo de Arraiolos, constituído por nove chefes de Estado da UE sem funções executivas.

Para o chefe de Estado português, colocam-se atualmente "dois grandes desafios" no espaço comunitário, sendo o primeiro a curto prazo: o "acolhimento dos refugiados e o seu encaminhamento com dignidade".

Mas outro desafio que "não deve ser ignorado, é de longo prazo: por que é que as famílias com as suas crianças e com os seus bebés saem dos seus países, de junto dos seus queridos e fogem, procurando a alcançar a Europa", acrescentou.

Por isso, disse, "é preciso investir mais para na procura de soluções para a guerra da Líbia, Síria e Iraque porque é aí que estão as razões profundas deste enorme de afluxo de refugiados à Europa, que a Europa tem muita dificuldade em resolver".

Cavaco Silva defendeu a discussão das causas do "fluxo enorme de refugiados e as tragédias enormes que têm vindo a ocorrer" nos locais de origem, salientando a importância de se "reunir países que recebem os refugiados, os países de trânsito e os países de origem", como acontecerá numa cimeira internacional em novembro, em Malta.

Questionado sobre a posição da Hungria de fechar as suas fronteiras, Cavaco Silva salientou que existem vários países, como a Grécia, Itália, Montenegro e Croácia, a enfrentar grandes problemas devido à chegada de milhares de refugiados.

O chefe de Estado português aproveitou para recordar a tradição de Portugal em acolher pessoas de outros países, dando como exemplo o regresso de muitos portugueses das antigas colónias, na década de 1970.