Em Vila do Conde, o secretário-geral do PS atirou contra a coligação PSD/CDS-PP e, em particular, contra Paulo Portas, usando submarinos e BPN para criticar explicações da coligação sobre derrapagem no défice.
Com sala cheia, e depois de um longo discurso de Mário Almeida, antigo autarca vilacondense, o secretário-geral do PS deixou o aviso: "Sei que já é tarde e que estamos todos com apetite e, por isso, vou direto ao assunto do dia".
E assim fez: "Então também não era um mero registo contabilístico quando os nossos défices aumentaram porque tivemos de registar os submarinos que Paulo Portas comprou? E quando tivemos de mobilizar dinheiro para estabilizar o sistema bancário, depois das brincadeiras e roubalheiras dos seus amigalhaços do BPN?", questionou o líder do PS.
Costa não ficou satisfeito com as explicações dadas pelo vice-primeiro-ministro depois de, durante o dia, Portas ter argumentado que a revisão do défice, por causa do Novo Banco, era uma questão "estritamente" contabilística."
Referindo-se aos números revelados pelo INE, Costa acusou o governo de fraude: "A dupla Passos e Portas acha sempre que é possível voltar a enganar as pessoas. Mas, eles estão muito enganados. À primeira, qualquer um cai, à segunda, só cai quem quer e não há ninguém hoje em Portugal que queira voltar a cair na fraude deste governo".
António Costa fala num "buraco", de "ilusionismo", de um executivo agora "desmascarado" e deixa a pergunta: "Quanto é que vão cortar mais do que os 600 milhões de euros que pretendem retirar às pensões? Quanto é que pensam cortar em salários, pensões e apoios sociais?".
O líder socialista defende que a coligação PSD/CDS-PP está agora obrigada a detalhar futuras medidas e o programa eleitoral, para "manter alguma credibilidade" no debate político.
"A dupla disse que não precisava de apresentar as contas do programa porque já tinha apresentado as contas em Bruxelas [no Programa de Estabilidade]. Onde é que já vão essas contas?", insistiu.
Em noite de ataque cerrado à coligação de direita, e em tom inflamado, Costa criticou o facto de, nos últimos anos o governo ter conduzido o país pelo caminho da "asfixia fiscal", dos "cortes da pensões, dos salários e das prestações sociais" e das "privatizações", sem que isso tenha significado uma redução significativa do défice do país.
Antes, Mário de Almeida, antigo presidente da Câmara de Vila Conde, já tinha acusado o executivo liderado por Pedro Passos Coelho de não estar a fazer crescer a economia e de querer "atirar aos olhos" dos cidadãos uma "retoma" que, na verdade, defende, não se verifica.
O ex-autarca aproveitou o palco para deixar elogios ao PS em áreas como a saúde ou a educação. Na educação, saudou o programa Novas Oportunidades e a criação de centros escolares, durante a governação de José Sócrates e, na saúde, a redução das listas de espera.