Legislativas 2015

Coligação "não é a avozinha mas o lobo mau do capuchinho vermelho"

Leonel de Castro/Global Imagens

A acusação é de António Costa. O secretário-geral do PS adverte, ainda, que nas legislativas não "há segunda volta", ou ganha-se ou perde-se para quatro anos.

António Costa falava no encerramento do comício socialista do Porto, junto à Torre dos Clérigos, num discurso cheio de avisos dramáticos em relação a eventuais consequências de uma continuidade do atual Governo em funções.

O líder socialista acusou o Governo de ter "traído a confiança" dos eleitores no exercício do seu mandato (com cortes de pensões, salários e aumento de impostos), advogou que quem "trai uma vez trai segunda vez" e pediu "muita cautela" aos eleitores: "Nesta campanha eleitoral eles bem querem parecer a avozinha do capuchinho vermelho, mas eles são mesmo o lobo mau".

Numa linguagem mais política, o secretário-geral do PS sustentou que "quem desuniu os portugueses ao longo de quatro anos não está em condições de unir" e recusou que a estabilidade de que falam os responsáveis da coligação PSD/CDS não seja a estabilidade das pessoas ou das famílias.

"Não é a estabilidade dos pensionistas que temem um novo corte de 600 milhões de euros, ou a estabilidade dos idosos que têm medo de um novo aumento das taxas moderadoras, ou a estabilidade das famílias que fazem contas para saber se conseguem pagar a renda da casa ou o IMI (Importo Municipal sobre Imóveis). Aquilo que os preocupa, quando falam em estabilidade, é saber se mantêm os cargos que ocupam e se continuam no poder em Portugal", contrapôs.

António Costa acusou depois a coligação PSD/CDS de procurar "assustar os portugueses" nesta campanha eleitoral.

"Mas, coitados, depois de tudo o que fizeram não há maior susto para os portugueses do que a ideia de que eles possam continuar a governar o país. Não são os portugueses que têm medo da mudança, são eles que têm medo", disse ainda no mesmo contexto.

Na parte final da sua intervenção, o secretário-geral do PS dramatizou a questão do que está em jogo no dia 04 de outubro, começando por dizer que todos os dias lhe pedem "para correr com eles, para mandar o [Paulo] Portas e o [Passos] Coelho embora".

"Este não é um campeonato em que se ganha aos pontos no fim, tendo-se empatado ontem, porque aqui [nas eleições legislativas] só há uma oportunidade: Ou se ganha agora, ou se perde para quatro anos. Não há segunda volta", frisou, já depois de ter reiterado o seu apelo a "uma maioria absoluta do PS".

"Mas uma maioria absoluta com diálogo social", completou.

No seu discurso, o secretário-geral do PS procurou também apresentar uma espécie de dualismo social, defendendo que, nos últimos quatro anos, "não houve um português que não tivesse sido mal tratado" por este Governo.

Porém, logo a seguir, introduziu uma exceção: Os milionários. "Esta é a hora de os portugueses apresentarem a conta ao Governo", acrescentou.