É a garantia de fontes da direção socialista. O encontro com o PCP surpreendeu as duas delegações, e o cenário de um governo do PS apoiado por uma maioria de esquerda está ser encarado muito a sério no Largo do Rato.
Até à última carta, este será um póquer para ser jogado a quatro - a coligação à direita, o PS ao centro, PCP e Bloco à esquerda -. Na opinião de fontes da direcção do PS, nenhum dos parceiros tem, à partida, uma mão mais forte do que a do outro ou, por outras palavras, nenhuma solução tem mais legitimidade democrática do que a outra.
Fonte da direcção do PS, contactada pela TSF, garante que "não há bluff nas negociações para a concretização de um governo à esquerda", e afirma que "mantêm-se abertos todos os caminhos" - acordo com a coligação, ou com PCP e BE -. A procura da "expressão institucional para a vontade dos portugueses" de que António Costa falava à saída da sede do PCP na quarta-feira, pode ter, na visão da liderança socialista, esses dois caminhos igualmente legítimos.
As fontes contactadas pela TSF garantem que estes encontros "são para levar a sério", e insistem que a maioria dos eleitores que votaram PS no domingo, não só quer uma mudança de políticas em relação aos últimos quatro anos, como também vê com bons olhos uma solução de governo apoiada pela esquerda parlamentar.
As mesmas fontes confessam que a reunião na Soeiro Pereira Gomes, com uma delegação do PCP, surpreendeu ambos os lados pelo caminho feito, muito para lá do que era esperado. Entre os socialistas, valoriza-se a facilidade com que Jerónimo de Sousa deixou cair algumas linhas vermelhas, e a forma como o líder comunista separou as águas entre o programa eleitoral da CDU, e o programa de um eventual governo do PS. Entretanto, a TSF sabe que o trabalho de concertação entre PS e PCP continuou para lá do encontro de quarta-feira, com contactos informais e troca de documentos, e com um "nível técnico" bastante detalhado.
Esta sexta-feira, a delegação do PS, composta por António Costa, Carlos César, Ana Catarina Mendes, Pedro Nuno Santos, e Mário Centeno, reúne de manhã com Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e elementos das direcções do PSD e do CDS, e à tarde há encontro marcado com os Verdes. Na próxima segunda-feira, esta primeira volta de contactos alargados encerra com uma visita à sede do Bloco de Esquerda, sendo que na opinião de algumas vozes socialistas, o Bloco terá pouca ou nenhuma margem para não ir a jogo, depois da disponibilidade manifestada pelo PCP.
Fonte da direcção do PS revelou à TSF que "a decisão final (sobre o caminho a seguir) será tomada, no final da ronda de encontros, numa reunião da Comissão Política prevista para o início da próxima semana".