O constitucionalista Carlos Blanco de Morais, diz que o país precisa de um sistema que facilite maiorias. Este ex-conselheiro de Cavaco Silva defende a legitimidade formal de um governo de esquerda mas acredita que Cavaco dê posse a um executivo da coligação.
Em declarações à TSF, Blanco de Morais afirma que o sistema eleitoral português deve evoluir por um caminho semelhante ao que foi seguido na Grécia e em Itália, com um "sistema de prémio para o vencedor das eleições" que permita ter "governos estáveis".
Numa leitura ao atual quadro político, Blanco de Morais considera que o mais provável é que o Presidente da República dê posse a um governo liderado pela coligação PSD/CDS, mesmo que isso implique um chumbo do programa do executivo.
O constitucionalista não vê grande mal numa eventual queda prematura do novo governo, que se manteria em gestão e com regime de duodécimos até poder haver marcação de eleições, em Maio ou Junho do próximo ano. "Não acho que seja uma solução insustentável", afirma.
Blanco de Morais acredita que um governo em gestão durante 7 ou 8 meses, pode ser menos prejudicial do que uma coligação de esquerda. "Não sei que investidor internacional investiria numa coligação de natureza marxista".
O constitucionalista não hesita em dizer que um governo de liderado pelo PS, com apoio de PCP e Bloco, teria "toda a legitimidade constitucional", embora tenha dúvidas sobre a legitimidade política de uma solução dessa natureza.