Saúde

Médicos a trabalhar 30 horas seguidas "é muito frequente"

Fábio Poço/Global Imagens

Sindicato processa hospitais por impedirem médicos de marcar folgas. Hospitais EPE cancelaram reunião da comissão paritária prevista para esta terça-feira e justificaram com "o actual momento político". A Federação Nacional dos Médicos entende que as negociações chegaram ao fim.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considera que está esgotada a hipótese de as comissões paritárias, que incluem sindicatos e representantes dos hospitais, chegaram a um entendimento sobre o descanso compensatório previsto na lei para os médicos.

De acordo com o Diário de Notícias, o ofício-circular da Administração Central do Sistema de Saúde, datado de fevereiro, esclarece que desde 31 de Dezembro de 2014 foi retomado o direito ao descanso compensatório que está previsto nos acordos coletivos de trabalho. Quando um médico trabalha mais de oito horas de um dia ou quando faz trabalho noturno entre as 22h00 e as 7h00, "é-lhe garantido, no período diário seguinte, um descanso compensatório", pelo período que tiver excedido as oito horas.

A FNAM considera que a situação "é muito grave, porque pode pôr em causa a qualidade do atendimento dos utentes". Merlinde Madureira, da FNAM, denuncia que os hospitais não respeitam o descanso compensatório e há médicos que chegam a trabalhar 30 horas seguidas.

Madureira confirma que, além das ações contra o IPO de Lisboa, o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria e Pulido Valente), Centro Hospitalar de Lisboa Central e Hospital Garcia de Orta, vão também avançar ações contra hospitais da zona centro: o IPO de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Leiria-Pombal, do Baixo Vouga, Instituto Português do Sangue, além do Ministério e da Administração Central do Sistema de Saúde.