O secretário-geral do PCP recuperou as palavras de Álvaro Cunhal para garantir que o PCP está comprometido com o acordo à esquerda, mas que o partido "não se deixa sitiar".
Na apresentação do "Tomo VI das Obras Escolhidas" de Álvaro Cunhal, Jerónimo de Sousa afirmou ainda que a "posição comum" com os socialistas garante "independência", mas também "empenhamento".
"Uma iniciativa de uma força com vontade e identidade própria, que afirma o seu programa e projeto. Uma força que, como afirmou Álvaro Cunhal, não será muleta de ninguém, que não se deixa sitiar. Não deixou no passado, não deixa no presente e não deixará no futuro", afirmou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa recuperou uma frase dita há quase 40 anos por Álvaro Cunhal para situar os comunistas no plano do acordo alcançado entre o PCP e o PS, assinado na passada terça-feira.
O líder do PCP encerrou a apresentação do "Tomo VI das Obras Escolhidas" de Álvaro Cunhal, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, onde, por entre referências ao momento político de "ofensiva"que se vivia em 1976, aproveitou para traçar alguns paralelismos com o momento atual, lembrando que, tal como nessa época, há questões que inda se mantêm: "Para onde vamos? Que caminhos vamos seguir?".
Para já, o futuro mais imediato passa por um apoio, no parlamento, a um governo de iniciativa do PS, uma solução, diz Jerónimo de Sousa, em que "ninguém prescindiu do seu programa e da sua independência ideológica e política", e que por isso, salienta o líder do PCP, conta com o "empenhamento comum" dos partidos.
O líder do PCP reforça ainda a ideia de que o acordo não é sinónimo de rejeição das linhas mestras do partido: "Uma solução que não põe em causa o compromisso do PCP perante dos trabalhadores, o povo e o país".
E, para quem ainda questiona a aproximação do PCP aos socialistas, Jerónimo de Sousa retoma a realidade de há 40 anos: "Há quem diga que só agora falamos com o PS. Quem se dedicar a passar os olhos pelas intervenções, as entrevistas e artigos deste VI tomo, verificará o enorme esforço do PCP na procura de um entendimento para salvar a democracia".
Um entendimento, diz o líder comunista, que só não se concretizou por "opção própria do PS".
"Hoje, está aberto o caminho e podem dar-se os primeiros passos para inverter o rumo de empobrecimento e de exploração destes últimos anos", garante.
Referindo-se ainda ao documento de "Posição Conjunta" assinado por PS e PCP, Jerónimo de Sousa dá como exemplo os "passos" dados por ambos os partidos em matérias como "a devolução de salários e rendimentos; a reposição de complementos de reforma dos trabalhadores do setor empresarial do Estado; a valorização dos salários; o descongelamento das pensões; a restituição de parte das prestações sociais sujeitas à condição de recursos; a reposição de feriados retirados; ou a reversão dos processos de concessão e privatização de empresas de transportes terrestres".