Política

Bruxelas não está preocupada com mudança de governo em Portugal

Miguel A. Lopes/Lusa

Augusto Santos Silva encontrou uma "tranquilidade absoluta" na reunião com a Alta Representante da UE para a Política Externa e de Segurança e com o secretário-geral da NATO.

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse que teve uma "receção muito calorosa" esta segunda-feira em Bruxelas, e garantiu ter encontrado, tanto ao nível da União Europeia como da NATO, uma "tranquilidade absoluta" relativamente à mudança governativa em Portugal.

Depois de encontros com a Alta Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Federica Mogherini, e com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e após ter participado na sua primeira reunião de chefes de diplomacia da União Europeia, Augusto Santos Silva disse aos jornalistas que todos os contactos mantidos em Bruxelas podem ser "resumidos desta forma: uma receção muito calorosa ao novo Ministro dos Negócios Estrangeiros português e uma tranquilidade absoluta relativamente à continuidade da politica portuguesa em matéria europeia e em matéria de politica externa".

"Posso citar o secretário-geral da NATO. O que ele acaba de me dizer é que, pessoalmente, estava muito, e o termo é, 'relaxado' no que diz respeito à situação portuguesa. Toda a gente sabe qual é o programa do XXI Governo Constitucional e toda a gente sabe da clareza e da transparência com que esse programa apresenta a política europeia portuguesa e assegura o cumprimento dos compromissos internacionais de Portugal, designadamente em matéria de defesa e de segurança corporativa", afirmou.

Questionado sobre se foi abordada, no encontro com Stoltenberg, na sede da NATO, a questão de o Governo socialista contar com o apoio parlamentar de partidos com posições anti-NATO (Blocod e Esquerda e PCP), o ministro observou que a questão não foi "formalmente" abordada, mas apontou que "até se deu uma circunstância muito interessante", que explica melhor a razão pela qual o secretário-geral da Aliança Atlântica não encontra quaisquer razões para preocupações com Portugal.

"A primeira coisa que o secretário geral da NATO a esse propósito me disse é que ele próprio tinha liderado um governo na Noruega do qual faziam parte representantes de partidos políticos noruegueses anti-NATO", afirmou.

O ministro acrescentou que, de qualquer forma, "a questão da NATO nunca foi uma questão relevante nos últimos anos na agenda politica portuguesa", e disse acreditar que "não irá ser".

Relativamente ao encontro com Mogherini, disse que foi "muito útil" para uma troca de opiniões e de pontos de vista "no sentido de assegurar a maior coordenação possível entre a diplomacia portuguesa e o serviço de ação externa da UE", e, "do ponto de vista político, assegurar o maior empenhamento e colaboração" de Portugal.

Por fim, quanto à reunião dos chefes de diplomacia dos 28, notou que teve "sobretudo a oportunidade de tornar clara a posição portuguesa no que diz respeito à luta contra o terrorismo", e em particular a visão portuguesa de que o sucesso desse combate "passa também muito por uma atenção muito particular que deve ser dada aos países do Médio Oriente e do norte de África".