Assume-se como o "candidato mais próximo do povo". No Fórum TSF, Vitorino Silva - mais conhecido como Tino de Rans - rejeitou uma sociedade de elites, porque "o melhor pão é o que tem mistura".
Vitorino Silva é calceteiro de profissão. Aos 22 anos, foi eleito presidente de uma junta de freguesia no concelho de Penafiel, cumpriu dois mandatos e ficou conhecido como Tino de Rans.
Saltou para as luzes da ribalta mediática no congresso do Partido Socialista em 1999 e foi candidato independente à câmara municipal de Valongo, em 2009.
Agora, entra na corrida a Belém com o lema "o povo a presidente", mas, na TSF, confessa que, se for eleito, não vai viver para o palácio, porque "é demasiado grande para uma só família".
Vitorino Silva diz que se candidata porque a "plebe foi sempre figurante da História, nunca teve o papel principal". Por isso, quer ser o "Presidente do povo" e promete que, se for eleito, o seu gabinete "não vai ter chave".
Na TSF, confessa a admiração pelo primeiro Presidente da República depois do 25 de Abril: "Ramalho Eanes foi o Presidente do povo; foi, de longe, o melhor".
"O melhor pão é o que tem mistura"
Para a campanha que se avizinha, garante "seriedade e dignidade", por um "Portugal com tino".
Um Portugal em que não haja elites, em que todos sejam tratados de igual forma. Aliás, Vitorino Silva promete trazer para a política aquele que diz ser o lema da sua vida: "o melhor pão é o que tem mistura". E concretiza: "quero uma sociedade em que as pessoas não tenham medo de se misturar".
Assume que o principal adversário é Marcelo Rebelo de Sousa, mas acredita que pode chegar à segunda volta. Se isso não acontecer, não faz apelos ao voto e reserva-se o direito de não dizer em quem pretende votar, porque "o voto é secreto".
O candidato revela que metade das assinaturas para foi recolhida nas férias, na Praia da Rocha, no Algarve. Uma aposta ganha: "quando terminei, já só faltavam quatro mil"!
"Cavaco tem estado distraído"
Tino de Rans considera que tem "propostas muito concretas" para mudar o sistema político. A começar pela eleição para a Assembleia da República, propondo que qualquer cidadão possa ser eleito deputado.
"Porque é que só os partidos, controlados por máquinas, é que têm o monopólio de escolher os representantes do povo no Parlamento?" - questiona. Uma situação que gostaria de ver alterada.
Outras mudanças seriam a concretização da regionalização, possibilidade já consagrada na Constituição; e também a possibilidade de o Presidente da República poder convocar referendos, algo que não é possível no atual cenário político.
Questionado sobre se a atual situação política em Portugal reforça ou enfraquece o papel do Presidente da República, Vitorino Silva responde que exige uma atenção redobrada do Chefe de Estado, tornando mais consistente a função do PR.
Até porque, considera, "nos últimos tempos, alguns Presidentes têm estado distraídos. E Cavaco Silva distraiu-se muitas vezes".
No Fórum TSF, Tino de Rans, candidato a Belém nas presidenciais de 24 de janeiro, deixou claro que António Costa, enquanto Primeiro-Ministro, terá "sempre" o seu apoio, desde que "não minta ao povo".
Considerou ainda que autorizaria a participação de Portugal numa operação contra o Daesh, desde que em igualdade de circunstâncias com os outros Estados. Porque "nós temos de defender o mundo, mas o mundo também tem de ser solidário".