As autoridades suspeitam que tenha morrido por envenenamento uma águia-imperial-ibérica, que tem o estatuto de "criticamente em perigo". Nos últimos meses, no mesmo local apareceram envenenadas outras aves e um lince-ibérico.
Segundo a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), esta águia, "está entre as aves de rapina mais raras do mundo, é uma das espécies mais ameaçadas da Europa e em Portugal é classificada com o estatuto de Criticamente em Perigo".
A ave, "potencialmente reprodutora", foi encontrada morta nas planícies do Baixo-Alentejo, no dia 4 de janeiro, por um técnico do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. Estava "sob um pinheiro-manso onde a espécie já nidificou anteriormente".
A LPN adianta que a águia "apresentava evidências compatíveis com um possível envenenamento", pelo que foi chamado o Serviço de Proteção da Natureza da GNR que recolheu o cadáver e fez buscas e recolha de provas no local.
Aguardam-se os resultados das análises periciais e da necrópsia.
O exemplar foi encontrado durante as buscas para localizar outra águia-imperial que está a ser monitorizada por GPS e que esteve alguns dias sem emitir.
A LPN garante que "foi nesta região" que nos últimos 3 anos se registaram casos de envenenamento a um lince-ibérico e a outras duas águias-imperiais, uma adulta outra imatura.
"Na região têm-se detetado muitos casos de mortalidade de várias espécies por possível envenenamento", refere a LPN adiantando que em dezembro do ano passado foram detetados "4 possíveis casos" relativos a milhafres reais e a águias-de-asa-redonda, dos quais também se aguardam os resultados.
Sensibilizar e agir judicialmente
A LPN diz que o uso de veneno é uma prática corrente na península ibérica, constituindo "uma das principais causas de mortalidade não natural da Águia-imperial-ibérica em Espanha".
Em Portugal, "o efeito real do uso ilegal de venenos é ainda desconhecido mas os casos identificados indiciam um elevado e abrangente uso ilegal de tóxicos".
Para lutar contra esta situação, as entidades envolvidas na proteção da águia-imperial-ibérica destacam a "implementação de um programa de formação, sensibilização, fiscalização e ação judicial".
Só 13 casais em Portugal
A águia-imperial-ibérica nidifica exclusivamente na Península Ibérica. Nos finais da década de 80, a população reprodutora da espécie desapareceu em Portugal e só em 2003 reapareceu um casal nidificante.
A colonização do território tem sido lenta, segundo a LPN, existindo no ano passado "13 casais divididos pelas regiões da Beira Baixa, Alto Alentejo e Baixo Alentejo".
Para proteger a águia-imperial e aumentar a população residente, a Liga de Proteção da Natureza coordena o projeto Projeto LIFE Imperial, em parceria com 8 entidades e com o apoio de fundos comunitários.