Presidenciais 2016

"Não podemos andar sempre com a bomba relógio na mão"

Manuel de Almeida/EPA

Se for presidente, Marisa Matias diz que não abdica do poder de dissolução da Assembleia da República, mas considera que esse é um poder que só pode ser usado em situações excecionais.

"Não basta um conflito político para dissolver a Assembleia da República", defende a candidata presidencial.

No Fórum da TSF, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda considerou que são dois os casos em que se justifica dissolver o parlamento: "no caso em que o governo possa perder o apoio da maioria parlamentar ou no caso em que um primeiro-ministro falhe gravemente em relação àquilo que são as suas funções de estado".

Marisa Matias diz que cabe ao Presidente garantir que há estabilidade e que é essa a estabilidade que conduz o país e não uma luta permanente entre os diferentes órgãos de soberania. "Não podemos andar sempre com a bomba relógio na mão", afirma.

Marisa Matias defende que não há um país dividido e acusa o candidato Marcelo Rebelo de Sousa de querer criar uma ideia de divisão para tentar aproximar a direita do poder. "Marcelo Rebelo de Sousa nunca falou num país dividido até 4 de outubro, só a partir de 4 de outubro começou a falar do país dividido", afirmou no Fórum da TSF a candidata apoiada pelo BE para quem o que há é " uma democracia a funcionar, uma constituição que tem de ser respeitada e, como em qualquer democracia, um governo e uma oposição".

Quanto às razões que a levaram a avançar com a candidatura a Belém, Marisa Matias refere a experiência que tem em matéria de regras europeias. "Estou farta deste ciclo de mentiras que nos têm vendido para impor sacrifícios à custa de supostas imposições de Bruxelas, conheço demasiadamente bem a legislação europeia e a forma como isto tem sido feito para continuar a alimentar esta farsa", diz.

Para Marisa Matias, Portugal precisa de um Presidente que conheça bem o país por dentro e por fora e considera que nunca houve, nos últimos quatro anos, um Presidente e um governo que chegasse a Bruxelas e dissesse "o meu país conta mais".

Já sobre a atuação que terá se vencer a corrida a Belém, Marisa Matias promete enviar o Tribunal Constitucional todas as leis que não cumpram aquilo que está garantido na constituição. " Farei a fiscalização preventiva, coisa que não vimos fazer de forma ativa com o presidente Cavaco Silva (...) ser Presidente da República não é apenas ser um "corta fitas" ou estar ao lado dos interesses económicos, é sobretudo defender a constituição", afirma a candidata.