Jerónimo de Sousa lançou ataques à direita e avisos à esquerda, ontem à noite, num jantar do PCP em Coimbra.
Depois de ter voltado ao assunto das presidenciais para sublinhar que houve uma desvalorização da participação popular e para culpar a comunicação social, que diz estar ao serviço dos partidos dominantes. Jerónimo de Sousa criticou as últimas decisões das agências financeiras e lembrou o que o governo socialista já conseguiu conquistar com o apoio do PCP depois do acordo de decisão conjunta, deixando no entanto recados indiretos a António Costa.
As agências de notação financeira são a "máfia" que está a ameaçar o país... Perante um pavilhão cheio de simpatizantes do PCP, as agências de rating foram o primeiro alvo de Jerónimo de Sousa. "Assistimos ao desenvolvimento de uma ampla operação de chantagem, que envolve a União Europeia, a Troika e as Agências de Notação Financeira, e ainda aqueles que no plano nacional, sem nenhum brio patriótico, se assumem como defensores e executores da política de exploração, empobrecimento, e extorsão de recursos naturais", acusa.
Jerónimo de Sousa lembrou em Coimbra vários caminhos adotados pelo governo socialista, deixando antever que foram seguidos por pressões, ou por conselhos do PCP, tais como "o travar da concessão de privatização de empresas de transportes terrestres de passageiros, a alteração ao regime de proteção de invalidez, a revogação de medidas nocivas da dignidade dos professores e a adoção de formas de avaliação para a melhoria do sucesso e aprendizagem escolar, a reposição dos complementos de reforma aos trabalhadores das empresas do setor empresarial do Estado e a abertura de caminho para a fixação do horário de trabalho de 35 horas para todos os trabalhadores da função pública independentemente do seu vínculo", enumerou.
Ainda estão longe de conseguir o salário mínimo proposto de 600 Euros, mas não perdeu tempo para marcar a posição e a postura do PCP na discussão do próximo orçamento de Estado: "não nos desviaremos do caminho traçado, apoiando o que servir os trabalhadores e apoiando medidas positivas, mas votando contra aquilo que for negativo para os trabalhadores e para o povo", avisa.
Jerónimo de Sousa remata ainda que o orçamento que aí vem está "amarrado" a políticas do anterior governo e que exige uma rutura à direita, mas deixou antever que as decisões do PCP serão tomadas tendo em conta a melhoria de vida dos portugueses acima de qualquer acordo de decisão conjunta.
E o PCP quer já para 2016 um sistema justo para reformados e pensionistas. Jerónimo de Sousa garantiu ainda que o PCP sairá à rua pela luta de novas propostas e novos projetos pelos direitos da população e no combate à precariedade.