Sociedade

#EuSouCircunflexo: Franceses protestam contra mudanças na língua

O final do acento circunflexo, a aplicação de hífen e mesmo a alteração da forma de escrever determinadas palavras são propostas da Academia Francesa que não estão a ser bem aceites pelos franceses.

Em França, as redes sociais foram invadidas pela nova polémica. Pode a língua francesa viver sem o acento circunflexo? A proposta não é nova. Já em 1990 a Academia Francesa sugeria que o uso deste acento passasse a ser opcional. Na altura, as vozes de protesto fizeram-se ouvir e a reforma nunca chegou a ser aplicada.

Agora, 26 anos depois, o assunto volta a ser discutido e a despertar ânimos. Inspirada no #JeSuisCharlie, a hashtag #JeSuisCirconflexe (#EuSouCircunflexo) serve agora para milhares de franceses mostrarem no Facebook e no Twitter o descontentamento com as alterações, que dizem que criam facilitismo no ensino.

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O desaparecimento do acento circunflexo é a mudança mais polémica, mas há outras. Por exemplo, a palavra "cebola" muda a forma como é escrita. "Oignon" passa a "ognon".

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Nestas alterações, algumas palavras com hífen são também afetadas. "Week-end" fica "weekend" (fim de semana), "mille-pattes" passa a "millepattes" (centopeia) ou "porte-monnaie" que será "portemonnaie" (carteira).

Nas redes sociais, o humor sobre a mudança não falta. É esta a melhor política de Hollande para o "chômage" (desemprego)?

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No total são 2.400 palavras que mudam a ortografia. Mas mudam mesmo?

A origem da polémica

Tudo começou esta semana com uma notícia da TF1 que anunciava que a reforma ortográfica vai entrar em vigor já no próximo ano letivo, sem explicar a fonte. O jornal Le Monde falou com o ministério da Educação que diz não compreender a polémica, já que não decidiu nenhuma alteração. Desde 2008, a indicação é que esta reforma seja progressivamente aplicada.

A novidade parece ser que os manuais escolares vão passar a aplicar as mudanças. Ou antes, duas editoras de manuais vão fazê-lo.

Entretanto, o ministério da Educação já lançou um comunicado onde explica que as alterações não vão ser nunca impostas. Servem apenas como referência e as duas ortografias continuam a ser aceites.

Mas os franceses não ficaram satisfeitos com a resposta. A polémica está para ficar.

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