Cultura

Livro de inéditos de Herberto Helder publicado em março

José Mota/Global Imagens

"Letra Aberta" tem 33 poemas e será publicado sob a chancela da Porto Editora.

A capa é como uma pedra mármore pincelada com tons vermelhos. Uma edição semelhante aos Poemas Canhotos, publicados dois meses após a morte do poeta em março do ano passado.

Para assinalar esta data, a viúva de Herberto Helder escolheu 33 poemas. Chama-lhe Letra Aberta.

Manuel Valente, da Porto Editora diz que mais uma vez se confirma que a obra do poeta é " uma oficina inesgotável"

O livro é publicado em março, quando passa um ano sobre a morte do poeta, aos 84 anos.

Herberto Helder morreu no dia 24 de março do ano passado, na sua casa, em Cascais, é recordado pelo meio literário e político como o "mago da palavra", poeta "vulcânico" que se remeteu ao silêncio, mas cuja obra deixa marcas na literatura portuguesa.

Discreto, avesso ao lado mais mundano da vida literária, sobrevivem-lhe mais de cinquenta obras, sobretudo poesia, que o inscrevem no reservado espaço dos maiores poetas de Língua Portuguesa.

Autor que "fugiu à banalidade", Herberto Helder foi um "mago da palavra" que "tirou magia em tudo que tocava", afirmou no dia da sua morte o catedrático de Literatura Arnaldo Saraiva. Um poeta inovador que criou "uma nova linguagem, que é verdadeiramente mágica e esplendorosa", acrescentou o jornalista José Carlos Vasconcelos.

Nascido na Madeira, em 1930, Herberto Helder viveu quase sempre no continente, desde a adolescência, teve vários ofícios - operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário - mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, "O Amor em visita", em 1958.

O crítico Pedro Mexia identifica-lhe uma apropriação da palavra sem desconfianças, ironias ou cinismos e considera-o, por essa força verbal, o maior poeta da segunda metade do século XX, tal como Fernando Pessoa o foi no começo daquele século.

Herberto Helder deu a última entrevista em 1968, recusou o Prémio Pessoa e editou em 2014 o livro "A morte sem mestre".

Foi "um mestre" para outros escritores, como o poeta Nuno Júdice admitiu, no dia da morte de Herberto Helder, um "poeta tão diferente, tão vulcânico" que mostrou "tudo o que é mágico e inexplicável na poesia", disse por seu turno, o catedrático da Universidade Nova de Lisboa, Fernando Pinto do Amaral.

Teresa Dias Mendes com Lusa