Na freguesia de Santo Varão, em Montemor-o-Velho, há cerca de 20 casas isoladas desde sábado. Hoje, muitos não puderam ir trabalhar e a ajuda tem chegado de barco ou no carro dos bombeiros.
Desde sábado à noite que Américo Vilão e a família não conseguem sair de casa. "A minha filha, a minha mulher, a minha sogra e a mãe da minha sogra que tem 104 anos".
A idosa está acamada há quase dois anos, precisa de cuidados médicos diários. De barco ou no carro dos bombeiros a assistência vai chegando. "Ontem de barco, hoje vieram cá os bombeiros de Montemor, o carro é alto e passaram as senhoras. Ontem à noite tiveram que andar a atravessar os terrenos de galochas para poder chegar lá", diz Américo.
Além da ajuda dos bombeiros, da proteção civil e dos serviços municipais, Américo Vilão conta ajuda de um vizinho. "Temos um vizinho que tem um insuflável rígido e quando é preciso passa as pessoas de um lado para o outro. Hoje, como tenho trator, passa-se, mas não se pode arriscar muito. De carro é impensável".
Apesar de terem sido apanhados de surpresa pelas cheias, não faltaram alimentos na freguesia de Santo Varão, em Formoselha, Montemor-o-Velho. Hoje foram obrigados a faltar ao trabalho.
"A minha filha é intérprete de linguagem gestual, em Viseu, e teve que ficar em casa. Tenho os três carros na garagem e não os consigo tirar. Eu também não fui, mas arranjei solução: uma vez que o trator passa, pedi um carro emprestado a um vizinho meu e eu vou trabalhar. Mas a minha esposa é um caso complicado e a minha filha também".
Américo Vilão quer acreditar que amanhã vai conseguir retomar o quotidiano, mas diz ter duvidas, porque o nível da água está a baixar muito lentamente.