Política

Passos Coelho diz que negociações entre governo e CGTP são "ameaça" à concertação social

Mário Cruz/Lusa

Para o presidente do PSD, o executivo trata os parceiros sociais com "menoridade" e pede uma denúncia mais ativa por parte dos social-democratas ligados à UGT ao que é negociado "fora" da concertação social. Sobre a criação de emprego, Passos diz que 2016 vai ser pior do que 2015.

"Há uma ameaça efetiva para aquilo que é a concertação social desta forma de concertar posições do governo fora da concertação social", disse Pedro Passos Coelho durante o jantar, em Lisboa, em que marcaram presença vários dirigentes sindicais e membros dos Trabalhadores Social Democratas (TSD).

Dando o acordo - subscrito pelo governo, confederações patronais e pela UGT - para o aumento do Salário Mínimo Nacional como um dos exemplos em que existiram negociações "à margem" da concertação social, o presidente do PSD acusou o executivo de negociar de forma antecipada com a CGTP e de, só depois, fazer chegar a discussão aos restantes parceiros sociais.

"A CGTP tem sabido trazer uma parte da sua negociação, por via daquela que é estendida ao PCP e ao Bloco de Esquerda, e é assim que uma parte do que devia ser negociado na concertação é negociado fora, satisfazendo a CGTP", afirma o antigo primeiro-ministro.

Passos Coelho defende, por isso, que o governo de António Costa está a tratar os parceiros com "menoridade", ao discutir apenas aquilo que "tem menos relevância".

Nesse sentido, o social-democrata pede ao executivo que "arrepie caminho" e deixa um apelo: "Creio que todos aqueles que são social-democratas e que estão na UGT deviam ter talvez um papel mais ativo a denunciar esta situação, porque é perigoso não termos dentro da concertação a valorização que é devida a quem sempre esteve disponível para fazer concertação".

Passos diz que criação de emprego em 2016 será menor do que em 2015

No jantar, Pedro Passos Coelho voltou a insistir na necessidade de o governo de António Costa prosseguir o caminho "reformista" do executivo PSD/CDS-PP, por forma a gerar "confiança", "mais investimento" e, sobretudo, "mais emprego", defendendo que "alguma coisa está errada" na estratégia do atual governo.

"Nós conseguimos em 2015 criar mais emprego do que o atual governo está a prever que a economia possa gerar em 2016 com políticas que, supostamente, são muito mais amigas do crescimento", atirou o líder do PSD.

Pedro Passos Coelho considera que "o que está errado" é "a mensagem" transmitida pelo executivo liderado pelo PS, de que "em 2016 nós tenhamos políticas adequadas para potenciar mais o emprego e combater mais o desemprego".

Elogiando as políticas de combate ao desemprego e de promoção do emprego levadas a cabo pelo anterior governo, Passos considera ser necessário que a estratégia esteja "em linha" com a que já deu "bons resultados no passado", acusando o executivo de desenhar uma estratégia cujos resultados "são aqueles que todos conhecem".