Hillary Clinton venceu as primárias democratas na Carolina do Sul e festejou com uma plateia recheada, num pavilhão desportivo no centro de Columbia. À porta estava um espetador mais atento que os outros: o filho de um antigo candidato a candidato democrata, com um olhar preocupado sobre a campanha.
Matthew Gephardt cresceu a respirar política. É filho de Dick Gephardt, congressista democrata pelo estado do Missouri entre 1977 e 2005, líder dos democratas no Congresso durante 14 anos, e candidato a candidato presidencial, derrotado por duas vezes, em 1988 e 2004.
Mathew já viveu este processo das primárias por dentro, ao lado do pai, e diz que este ano, nada é como era. "É muito diferente de algumas eleições normais, em termos do diálogo, nem sempre positivo... gostava que houvesse mais debate sobre políticas e experiência. Infelizmente há demasiados ataques pessoais, e não acredito que isso seja bom para o país".
Filho de político, Matthew não se sente confortável quando olha para o outro lado, para a campanha republicana. "É uma vergonha! Preocupa-me o que resto do mundo pensa. Preocupa-me o que as pessoas em Portugal e na Europa pensam dos nossos políticos. Não há realmente necessidade deste tipo de discurso nesta corrida".
Mas esse discurso, vindo de candidatos mais radicais e fora do sistema, é uma resposta direta aos eleitores. Uma resposta errada, na opinião de Matthew Gephardt, "sim, as pessoas querem mudança. Estão frustradas com a política, sentem que a sua voz não foi ouvida... por isso, entendo essa frustração, mas eleger alguém que não vai fazer coisas produtivas para o país, não é a resposta certa. Compreendo a frustração, mas penso que estão à procura de um herói que mude muitas coisas, e isso é muito mais difícil de fazer do que as pessoas pensam...".
Matthew espera uma campanha mais positiva, e uma mudança em Washington. "Há muitas coisas positivas nos Estados Unidos, sobretudo quando olhamos para o resto do mundo. Comparativamente, a nossa economia está a crescer. Acho que ainda temos alguns problemas por resolver, mas só vamos conseguir resolvê-los se democratas e republicanos trabalharem juntos, o que infelizmente não tem acontecido".
Esta é uma das principais queixas dos eleitores - a falta de entendimento entre republicanos e democratas no Congresso.
A TSF acompanha o ano presidencial nos Estados Unidos no âmbito de uma parceria com a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD).