Política

Moçambique é uma das prioridades externas de Marcelo

Miguel A. Lopes / Lusa

O Presidente da República vai a Itália depois do 25 de Abril para cumprir uma visita oficial que não conseguiu fazer esta semana, e para preparar uma visita a Moçambique.

Depois de celebrado o 25 de Abril, o Presidente regressa à política externa com duas visitas que tocam algumas prioridades definidas por Marcelo Rebelo de Sousa - Europa, Mediterrâneo, e CPLP.

Esta semana, numa nesga de tempo na quarta-feira à noite, o Presidente recebeu uma delegação da Comunidade de Santo Egídio, uma organização católica, sediada em Roma, que teve um papel decisivo no acordo de paz que selou o fim da guerra civil moçambicana, um acordo assinado em Roma a 4 de outubro de 1992.

O encontro aconteceu na embaixada de Portugal junto da Santa Sé, à margem da agenda oficial do Presidente, e teve como objetivo um primeiro contacto de preparação da visita oficial de Marcelo a Moçambique.

Esse será um dos pontos da visita a Itália, logo a seguir ao 25 de Abril. Marcelo Rebelo de Sousa quer aprofundar os contactos com elementos da Comunidade de Santo Egídio e reforçar o trabalho que tem estado a ser desenvolvido, em diversas frentes, para manter a paz em Moçambique. O mediador-chefe dos acordos de 1992, o italiano Mário Raffaelli, está em Maputo, reuniu-se na quarta-feira com o Presidente Filipe Nyusi, e deverá encontrar-se com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, nos próximos dias.

O clima de instabilidade e insegurança, com registo de diversos ataques armados, tem paralisado sobretudo a zona central de Moçambique, e tem aumentado de tom nos últimos meses, com alguns observadores a falarem de um ambiente de guerra civil. Ainda não é um conflito aberto entre as forças regulares, do governo da Frelimo e guerrilheiros da Renamo, mas os ataques armados têm-se multiplicado nos últimos tempos, com os antigos guerrilheiros da Renamo a regressar às armas. O partido liderado por Afonso Dhlakama contesta os resultados das eleições presidenciais e legislativas de Outubro de 2014, e é essa a razão para esta última vaga de violência.

Marcelo Rebelo de Sousa preferiu manter o contacto com a Comunidade de Santo Egídio à margem da agenda oficial, mas esse gesto, a viagem oficial planeada para final de Abril, e a presença do Presidente Filipe Nyusi nas cerimónias de posse, demonstram que a situação em Moçambique é uma das frentes externas prioritárias para Marcelo.