O FMI fez um quadro explicando os seis maiores riscos que o país corre, externos e internos. Angola é um deles. E há recomendações em cada um, não vá acontecer o pior.
A terceira avaliação a Portugal, pós-programa de assistência, identifica seis riscos que Portugal corre, incluindo o seu grau de probabilidade e recomendações ao Governo, para os evitar e os corrigir, caso o pior aconteça. Aqui estão eles:
1. Perda de confiança dos investidores, face a reversões de reformas ou à perda do único rating positivo de uma agência de rating. O FMI diz que qualquer um destes dois fatores pode "aumentar o preço dos juros da dívida" e "reduzir o investimento externo". Dá uma probabilidade "média" de ocorrer, mas com "impacto grande" no país caso se verifique. Para minimizar a exposição, sugere que evitem passos atrás nas reformas legislativas feitas no passado. Mas recomenda ao Governo PS, caso o risco se concretize, que tome medidas orçamentais adicionais para garantir que as metas são cumpridas e procure garantir acesso à liquidez dos mercados de financiamento.
2. Mercados de financiamento mais voláteis, provocados por mudança de atitude dos investidores, reagindo a alterações imprevistas nas maiores economias, de alterações na política monetária nos EUA ou de uma fraca liquidez nos mercados de financiamento. O FMI dá uma probabilidade "média" de ocorrer, mas com "impacto grande" no país caso se verifique, sobretudo devido ao seu alto endividamento, público e privado. A banca ficaria, neste caso, sujeita a grande pressão. A recomendação ao Governo é, neste caso, de encorajar a poupança e ajudar a limpar os balanços das empresas. Mas também de encorajar investimento produtivo privado.
3. Menor crescimento da economia mundial - seja nos maiores países ou nos em vias de desenvolvimento. O FMI admite que este risco é médio/alto e pode derivar da incapacidade dos países em fazer as reformas estruturais necessárias, junto com uma baixa inflação. As consequências são, de todo o modo, graves. Tudo isto pode por fim à era de financiamento dos Estados a baixo preço. Com isso, diz o FMI, o risco para Portugal é de relançar os riscos de endividamento em vários setores da economia e de se pôr em perigo a balança comercial. A recomendação ao Governo PS? Que implemente reformas para aumentar a competitividade e reduzir exposição à dívida. Caso o pior aconteça, sobrará a solução de acelerar e aprofundar as reformas estruturais.
4. Pouca circulação de capital e de emprego. A desalavancagem dos bancos pode reduzir o nível das transações financeiras e os pagamentos transfronteiriços, com consequências nas economias mais pequenas. O risco é médio, o impacto também seria - mas poria em causa a balança externa do país e os balanços das empresas. Para minimizar a exposição do país, o Fundo recomenda que se implementem reformas que aumentem a competitividade e se tomem medidas para reduzir o risco das empresas.
5. Preços do petróleo persistentemente baixos. O FMI anota este como o maior risco para Portugal, embora com consequências 'apenas' médias para o país. Porquê? Porque as vantagens de importar petróleo a baixo preço são anuladas pela exposição do país a Angola. Para minimizar o risco, o FMI sugere que se reduza essa exposição e se trate de limpar os balanços das empresas.
6. Stress financeiro e intervenção num banco. Ao FMI este risco parece de probabilidade média, mas de grande impacto - pela perda de confiança no sistema financeiro e pelos custos orçamentais que implicaria. Para minimizar a exposição, o FMI pede "supervisão proativa" do Banco de Portugal e o fortalecimento do capital dos bancos. Se o risco se materializar, a solução é dar apoio financeiro à banca, mas garantindo que as dinâmicas de redução da dívida pública não são comprometidas.